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Estes políticos que desprezam o povo

Tive o prazer de apresentar Rolão Preto num comício realizado para os mineiros da Panasqueira, onde esteve presente o Professor Dr. Joaquim de Carvalho (…). As suas palavras atingiram uma ênfase e um timbre especiais ao referir-se aos grandes partidos, que usam os engodos mais sofisticados para os atraírem, até nem faltando ranchos folclóricos, zabumbas e foguetório. Mas depois deste arraial, dizia, não querem saber mais de vós. Não só olvidam e desconhecem as promessas que vos fizeram, como até os locais por onde passaram e foram bem recebidos.

Como se justifica que um país com os mais elevados índices de pobreza, conviva com um funcionalismo político, entre deputados e ministros que auferem uma média de 50 mil euros mensais, e se reformados, mesmo com poucos anos de serviço, uma média de 3 mil euros mensais? Mas há mais: vejamos quanto aufere um Primeiro-Ministro e o próprio Presidente da Republica, e os privilégios e regalias de vários outros que terminaram o mandato, além dos chorudos vencimentos: carro e motorista à porta, polícia, etc. E podem estes Políticos falar de igualdade, sem que lhes queime a boca?

Esta situação clama por justiça! Ou como diziam os catecismos na minha idade juvenil: Estas disformidades são pecados que brandam aos Céus!

Caiu-se na pauperfobia; olha-se para o pobre como um ser abjecto, um andrajoso e, até seria um contra-senso tirá-lo desta situação, porque faz parte da nossa paisagem social. (…) Mas reparem nos países Nórdicos, estudem a sua organização social; analisem a diferença entre salários máximos e salários mínimos e concluiremos e rejubilaremos porque neste nosso tempo ainda há Justiça Social! (…). O problema não é de hoje. Campeou em larga escala no anterior regime. Havia uma alta funcionária de certo Ministério que fazia colocar professores, mesmo sem as devidas habilitações, onde melhor lhes conviesse a troco do primeiro vencimento que auferisse (…). Hoje, a cunha tornou-se numa instituição nacional e domina do norte a sul do país, no funcionalismo, nas autarquias locais, na própria polícia. Elaboram-se até portarias para eximirem de licenciaturas os lugares em que eram exigidas; e depois dos amigalhaços estarem bem seguros nos seus empregos, aparecia outra portaria a anular a anterior.

Há dias assisti às palavras vexatórias que um polícia dirigiu a um infractor. Perguntei depois a outro agente se no seu recrutamento não se efectuavam exames psicológicos e psicotécnicos. A resposta foi rápida: – Fizemos sim e bastante numerosos, mas por fim o que conta é a cunha. Eu próprio tive de recorrer a pessoas influentes. Perante isto, venha o Sr. Cavaco com a lei Gresham resolver a situação. Mas todo esse palavreado está a preparar terreno que o capultará à Presidência da Republica. Longe vá o agouro. Nem o seu temperamento, nem o seu medular partidarismo, nem o espírito demasiado mesquinho e intriguista lhes dão o papel de árbitro que resultou em pleno nos Países Nórdicos. Veja-se o que aconteceu com os políticos do Algarve do seu partido, que desapareceram, voltando depois a ressurgir lentamente, após a sua derrota.

Mário Mendes Rosa, Conselheiro de Orientação Profissional, Covilhã

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