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«Estamos a caminhar lentamente para aquilo que já foi o associativismo»

P – Que balanço pode fazer destes 57 anos do CCD do Rodrigo?

R – Ao longo destes anos, a colectividade já conheceu muitas actividades, do rancho folclórico ao voleibol, passando pelo basquetebol, enfim, tudo aqui se praticou. Temos tido altos e baixos, mas aqui se desenvolveu sempre a cultura e o desporto, principalmente, e tem sido uma colectividade que tem dignificado a região, sendo que actualmente as nossas principais modalidades são o futsal, damas e xadrez. Em suma, temos um historial bastante significativo, nomeadamente no atletismo, e continuamos a tentar fazer o melhor possível.

P – A Câmara da Covilhã comprometeu-se a alargar a nova sede e a construir balneários. Era a prenda que desejaria receber neste aniversário?

R – Sim, se bem que nem se trata bem de uma prenda para esta efeméride, porque esse projecto já era para estar pronto. Foi prometido aquando da entrega desta sede, há dois anos, mas houve um atraso. Agora penso que está a andar e estou convencido que antes do fim do ano teremos essas obras prontas, que são muito importantes.

P – A “crise” de que tanto se fala também é uma realidade no CCD do Rodrigo?

R – Digamos que só não se trata bem de crise, porque tempos que saber viver com aquilo que temos e não podemos almejar certas e determinadas coisas quando não podemos. Por isso, até poderíamos desenvolver mais actividades, como o futsal feminino, por exemplo, mas sabemos que isso acarreta uma série de despesas para as quais não estamos preparados de momento. Ainda assim, estou convencido que no futuro, principalmente no futsal de formação, é possível avançar, até porque há mais apoios para a formação. A crise aqui não é muito evidente, pois temos os pés bem assentes no chão.

P – Depois de 18 anos à frente da colectividade, é certo que vai abandonar o cargo em Março?

R – Sim. Vivi sempre isto, mesmo quando não estava na direcção. É uma casa que nunca abandonarei, até posso desempenhar outro cargo noutro órgão dos corpos sociais e dar o meu contributo, mas o abandono do cargo de presidente é uma decisão inabalável, por mim e pela minha família. Também é bom que apareçam outras pessoas que podem fazer outras coisas.

P – E se não aparecer outro candidato?

R – Acho que isso não vai acontecer. Já fui adiando a minha retirada por diversas vezes, mas deste ano não passa e as pessoas têm que se convencer que é assim. De resto, estou convencido que haverá alguém para ocupar o cargo. Para além disso, podem contar com a minha disponibilidade para desempenhar outras funções e ajudar a colectividade, como já disse. Não me parece assim tão difícil aparecerem pessoas, até porque as instituições não podem morrer.

P – Que novos projectos há para o CCD do Rodrigo?

R – Depois de estar concluído o projecto de alargamento da nova sede e da construção dos balneários, poderemos fazer outras coisas. Por exemplo, a nível cultural poderemos desenvolver a música ou a dança jazz, já que vamos ter uma sala apropriada para o efeito. No desporto, podemos desenvolver o ténis, o voleibol e o andebol. Claro que a actual situação directiva não nos permite fazer grandes planos para o futuro, mas há a possibilidade de se fazer tudo isto.

P – Como vê a associativismo no século XXI no contexto covilhanense?

R – O associativismo na Covilhã continua a subsistir, mas já viveu melhores dias. Há uns 10 anos, tentava-se resolver os problemas das colectividades em conjunto, havia união. Fazíamos reuniões nas várias associações, discutíamos os problemas do associativismo e tentávamos ajudar aqueles que tinham menos possibilidades. Hoje, as pessoas vivem mais para si. De qualquer maneira, acho que o associativismo na Covilhã tem pernas para andar, a Câmara e as Juntas de Freguesia têm ajudado e estamos a caminhar lentamente para aquilo que já foi o associativismo há uns anos atrás.

Carlos Paulo Rato

«Estamos a caminhar lentamente para aquilo
        que já foi o associativismo»

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