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Estado fora da lei

Durante seis anos tivemos um verdadeiro charlatão a dirigir os destinos do país. A sua governação estava recheada de constantes e enormes sucessos, ao ponto do próprio a ver como um verdadeiro exemplo para toda a Europa, tendo mesmo aconselhado esses países a seguirem-nos.

E lá fomos nós, “de sucesso em sucesso”, até à derrocada final. Quando os banqueiros, durante muito tempo coniventes com a situação, perceberam que os bons negócios que estavam a fazer com os empréstimos ao Estado afinal não teriam retorno e com as reservas bancárias exaustas, foram dizer a Sócrates que não haveria mais dinheiro. No dia seguinte, foi chamada a “troika” com quem foi feito uma acordo, perfeitamente ruinoso, para um empréstimo imediato a Portugal.

A verdade é que a gravidade da situação era tal que Sócrates teve que aceitar, sem qualquer possibilidade de discussão ou negociação dos termos e condições em que o mesmo era celebrado, altamente lesivas para a nossa economia tendo, posteriormente, aproveitado o resultado eleitoral para se “pirar” para Paris.

Sabendo-se que o governo a eleger teria a espinhosa missão de gerir o acordo firmado com a “troika”, o candidato Passos Coelho não se furtou, apesar disso, a mentiras eleitorais que, pelas implicações sociais das mesmas, deveriam só por si, ter levado à sua substituição no cargo de primeiro-ministro. Duvido, no entanto, que isto algum dia venha a acontecer com algum governante depois de todas as mentiras, ilegalidades e esbanjamentos de dinheiros públicos que Sócrates protagonizou, os quais não foram considerados, pelo menos até agora, motivos suficientes para o levar a responder em tribunal.

Apesar dos cortes nos vencimentos dos funcionários públicos terem começado ainda na era Sócrates, o que coloca o Estado numa situação de ilegalidade, a verdade é que eles foram prepotente e unilateralmente impostos com a justificação de que eram absolutamente essenciais para a sobrevivência do próprio Estado. Também foi esta a justificação apresentada por Passos Coelho ao anunciar o corte dos dois subsídios à função pública, no orçamento de 2012, ao que parece, as tais gorduras de que falou durante a campanha eleitoral. (…) A apetência do Estado para se apropriar dos bens dos cidadãos e das empresas parece não ter limites. O OE para 2013, pela brutalidade das medidas que comporta, para além de potenciarem o desemprego, irão criar situações de verdadeira emergência social e serão milhares aqueles que, através de mais este saque legal, deixarão de cumprir obrigações conscientemente assumidas, parecendo querer castigarem-se os cidadãos pela situação a que os políticos nos levaram e… continuam a levar.

(…) De facto, os desequilíbrios económicos e sociais que irá provocar a execução deste brutal orçamento justificavam, só por si, o maior recato de Vítor Gaspar e de todo o governo, sendo de todo desaconselhável as tiradas de humor com que amiúde nos brinda. (…) É conhecida a situação financeira difícil em que nos encontramos e sabemos que temos que fazer sacrifícios para a ultrapassar, mas será legítimo levar esses sacrifícios ao ponto de hipotecarmos completamente o futuro?

E algum dos nossos governantes irá ser responsabilizado por medidas, uma vez mais, erradas, inconscientes e desajustadas que comprometerão irremediavelmente o futuro do país? Pela minha parte, e para já, estou tão “agradecido” a este senhor que até estou na disposição de lhe oferecer uns patins, de preferência com propulsão a jato…

Manuel Mariano, Guarda

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