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Estacionem na Avenida dos Bombeiros

Quebra-Cabeças

Fui há dias abordado pelo vereador Esmeraldo Carvalhinho, que se dizia “revoltado” pelo teor de um dos meus textos sobre o problema do estacionamento na Guarda. A sua revolta, se bem entendi, e para além de uma obviamente deficiente interpretação do que escrevi, prendia-se com o facto de eu ter sonegado aos leitores que há sempre muitos lugares de estacionamento disponíveis na Avenida dos Bombeiros – onde me desafiou a ir com ele verificar isso mesmo in loco, trinta manhãs seguidas.

É claro que não tenho nada que ir trinta dias seguidos a fiscalizar a Avenida dos Bombeiros, muito menos na companhia do vereador Carvalhinho, mas quem duvide da minha palavra só tem de passar lá de manhã em qualquer dia de segunda-feira a sábado para verificar que os únicos lugares vagos, se os houver, são já depois do antigo quartel dos Bombeiros.

As actuais dificuldades de estacionamento são da responsabilidade da Câmara, que pouco ou nada tem feito para as resolver. Quando finalmente se decide a fazer alguma coisa, tarde e a más-horas, como o agora anunciado parque subterrâneo debaixo do Jardim José de Lemos, é depois de aí ter construído uns sanitários públicos, também subterrâneos, e que vão muito provavelmente ter de ser demolidos. Daqui a alguns anos, quando a cidade da Guarda se conseguir desenvolver ao ponto em que seja indispensável e inadiável a construção de um segundo parque subterrâneo, vai concluir-se que o melhor sítio é na Praça Velha. Infelizmente, na altura já se terá gasto o dinheiro que custam as actuais obras, como se gastou já, também para nada, o que custaram os sanitários públicos do Jardim José de Lemos.

No fundo, são custos da falta de previsão e de planeamento. Se tivesse havido previsão e planeamento, aquando da construção dos novos Paços do Município, ter-se ia aproveitado para construir aí um parque de estacionamento subterrâneo – e não há melhor local, mais central, na cidade da Guarda. No âmbito da obra maior da construção do edifício e aproveitando as economias de escala daí resultantes os custos seriam muito inferiores aos de um parque construído de raiz. Poderiam ter alargado esse parque para debaixo das ruas, eventualmente para debaixo do Jardim José de Lemos, e poderia ter mais de um piso. As consequências seriam várias: o problema de estacionamento no centro da cidade ficava resolvido por muitos anos e a Câmara Municipal obtinha uma fonte de financiamento permanente.

O problema é que na altura não se pensou nisso e agora é tarde de mais. Ou não? É que, dizem-me, na garagem da Câmara há umas largas dezenas de lugares de estacionamento. Enquanto se não constrói o parque no Jardim José de Lemos e para compensar a perda de lugares na Praça Velha, seria uma boa ideia transformar essa garagem em estacionamento público. Os custos seriam ínfimos e a cidade agradecia – para além de que sempre daria alguma ajuda às depauperadas finanças da autarquia.

Mas, perguntarão, onde passariam os senhores vereadores e funcionários da Câmara a estacionar os carros, caso não prefiram optar pelos transportes públicos? Tenho a resposta na ponta da língua e dou-a já, com a devida vénia ao vereador Esmeraldo Carvalhinho: na Avenida dos Bombeiros, logo a seguir ao antigo quartel. Ou então na Avenida Monsenhor Mendes do Carmo, que depois é só subir umas escadinhas e já estão “praticamente” no centro da cidade.

Por: António Ferreira

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