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Esquisse d’un tableau historique des progrès de l’esprit humain

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Falham porque são incultos, falham porque são indolentes e falham ainda mais por serem irracionais, diria Condorcet no seu tratado, redigido na prisão, por força dos mandatos persecutórios dos jacobinos. Estávamos em 1794.

A liberdade é uma impossibilidade sem respeito e portanto esta é desde logo uma fronteira da liberdade. E para ela existir há ainda mais fronteiras que reduziriam espaço à liberdade: a igualdade, a imparcialidade, o reconhecimento. O tratado de Condorcet seria uma lição para os partidos de hoje. Mas para se dar lição é preciso alunos ávidos, é preciso gente interessada no conhecimento e esse está longe da ignorância e da indolência. Chegar longe por vias escusas e sem mérito transporta ao estado atual das instituições onde imperou a fantasia em vez dos projetos, onde imperou o devaneio por vez da realidade. Esta massa bruta que nos tem vindo a governar não tem a virtude dos temperos: o sal, o vinagre, o cominho, orégão, isto é, não percebe onde o mando tem matizes, onde as ideias são em rede, onde se precisam tolerar e imbricar tecendo o novelo do saber. Durante a Revolução Francesa, Condorcet era um seu incondicional e depois acabaria preso por delito de opinião. Esta é a força do progresso que estamos a viver, a pujança de um punhado de indolentes que se protegem e se empurram e se remuneram de forma dolosa e venal. De algum modo o progresso parou e isso acarreta a chegada das trevas. Fukushima é hoje um exemplo da demência que existe na indolência, na mentira e na irracionalidade. Portugal vive uma Fukushima política e as radiações estão a espalhar-se. A nomeação constante de servos do poder, de indigentes e de indolentes tem construído a delinquência que por aí vai criando escola e fazendo notícia. Esta gente que quer fazer TGV’s, construir aeroportos e estádios de futebol, e teatros, e piscinas e não faz contas da manutenção, não faz análise dos rendimentos para depois construir despesa, esta gente insana que nunca construiu nada de seu sem dinheiro alheio é o problema atual deste país. É muita gente, muito jacobino, muito desprovido de virtude e, por essa razão, os Condorcet emigram e a razão fenece.

Por: Diogo Cabrita

Comentários dos nossos leitores
Sandra Martins smfom.martins@gmail.com
Comentário:
Haja alguém com lucidez, capacidade, inteligência e coragem para transmitir públicamente o que muitos de nós sentimos… Abençoado sejas!
 

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