1 – A senhora ministra das Finanças esqueceu-se de mencionar umas magras mais valias na sua declaração de IRS.
Coisa pouca, diz ela, e sem qualquer relevância, já que, logo que alguém falou no assunto, na sua memória, em exclusivo ocupada pelo défice, vibrou o alarme avisador dos contribuintes relapsos e, prontamente, a senhora ministra veio regularizar o erro, e alegremente entregar ao fisco a declaração em falta, matando logo ali o que, algumas mentes mal intencionadas, pretendiam ser uma vulgaríssima fuga fiscal.
Fossemos todos como ela e a magnânima administração fiscal poderia poupar o tão invejado salário que vai pagar ao indigitado director-geral das Contribuições e Impostos. Como ela, certinhos, entregando as declarações que nos pedem (mesmo que em atraso), pedindo as facturinhas na lavandaria e na oficina, vendo se tem IVA a conta do restaurante, enfim, verdadeiros cidadãos merecedores do salário que ganham (embora indignos de qualquer aumento se pertencerem a essa corja dos funcionários públicos que nem para directores-gerais servem).
2 – O senhor Primeiro-ministro, num evento partidário realizado no penúltimo fim-de-semana, a que grande parte do PSD chamou congresso, esqueceu-se de propor algo de novo e positivo para o país.
De relevante, ficou-nos dessa data uma vaga estridência sobre responsabilidades do PC em greves e sobre qualquer coisa de estranhamente antidemocrático que se passará nos Açores.
Ah! E também algumas declarações de figuras menores (o líder parlamentar do PSD e o ministro da Presidência) sobre a necessidade de terminar a coligação com o PP.
Enfim, o senhor Primeiro-ministro esqueceu-se que é responsabilidade do governo pagar aos funcionários do SEF e que os Açores são aquele arquipélago mais distante do continente, não o outro. Os seus companheiros de partido esqueceram-se que estão numa campanha eleitoral em coligação com esse tal partido de quem anunciam o divórcio e, se o casamento não vai ser necessário no futuro…
Com tanto esquecimento, os portugueses foram na onda e, desse festivo fim-de-semana, já só recordam as travessuras dos infantes espanhóis, um ou outro chapéu mais vistoso e o vestido de Letizia Ortiz. Para bem do PSD e do Governo.
3 – A senhora deputada Ana Manso esqueceu-se da boa educação e, levada pelas empolgâncias comicieiras, insultou, com requintes de mau gosto, o cabeça de lista adversário. Dizem as más línguas que foi apenas igual a si própria e que, no impacto nacional das suas palavras pesou muito o treino a que localmente se tem submetido.
Com esta onda de esquecimento, o PSD já augura um bom resultado nas próximas eleições – talvez o povo se esqueça de ir votar…
Por: Rita Cunha Mendes