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«Esperamos há muito tempo pela PLIE»

Cara a Cara – Entrevista

P – Que projectos tem para este novo mandato?

R – Para já, vamos continuar com alguns que vêm do mandato anterior. Aliás, essa foi uma das razões desta recandidatura, pois não tivemos oportunidade para terminar. Outro dos projectos é a certificação dos serviços do Nerga, até porque, no futuro, vai haver muitos programas a que só entidades certificadas poderão candidatar-se. Também vamos assentar na parte económica e financeira da associação, actualmente estabilizada. Mas o principal objectivo deste novo mandato é a aproximação às empresas e aos empresários. Teremos que ir mais para o “terreno” e tentar resolver as dificuldades e os problemas do tecido empresarial da região. Ou seja, vamos dar, obrigatoriamente, um apoio mais eficaz e mais constante.

P – O Nerga acabou o ano com saldo positivo. Qual foi o lucro?

R – Ao certo ainda não sabemos, mas vamos ter que pagar IRC (risos)! Ainda são uns milhares de euros de resultados líquidos positivos…

P – Qual foi a estratégia?

R – Houve um controlo muito rigoroso das despesas e das receitas, andámos sempre em cima das contas, cortámos nas despesas e rentabilizámos todos os investimentos. Mas, fundamentalmente, mudámos a mentalidade dos nossos colaboradores e os métodos de trabalho, porque o Nerga tem que subsistir à sua conta. Felizmente que todos entenderam a necessidade desse controlo financeiro e o objectivo de captar o máximo de receitas possíveis.

P – Onde vai ser utilizada essa verba?

R – Esse lucro tem sido aplicado em pagamentos de programas, porque as percentagens de comparticipação são cada vez mais pequenas e a nossa quota parte é cada vez maior. Temos que ter meios para poder suportar as nossas obrigações e também para fazermos os adiantamentos para os atrasos dos pagamentos do Estado, que acontecem sempre nos cursos de formação ou noutros.

P – Como vê a realidade empresarial da região?

R – Infelizmente, neste momento está um bocadinho nebulosa, daí a nossa orientação ir no sentido de estarmos mais perto das empresas. A Guarda não é excepção às dificuldades económicas que o país atravessa e talvez seja dos locais onde as empresas vivem com mais dificuldades, porque a maioria são de pequena dimensão e a possibilidade de diversificar os seus negócios é mais difícil. Também o nível cultural da grande maioria dos nossos empresários é diferente. Se bem que uma das mudanças dos últimos anos tem sido o aparecimento de uma nova classe de empresários, muitos deles oriundos dos cursos de formação que temos desenvolvido e que têm novas noções de empreendorismo. São empresários com uma mentalidade diferente e maior abertura a novas ideias e às novas tecnologias. Esta nova classe já está a ser bastante importante para a valorização do nosso tecido empresarial, até porque a Guarda está carente de investimentos e de novas empresas que mexam o tecido empresarial. Esperamos há muito tempo por uma alavanca que nunca mais chega, que é a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial.

P – Como vê os sucessivos atrasos da PLIE?

R – Sou optimista por natureza… Depois de ver tudo o que aconteceu nos últimos anos com a plataforma, temos notado, de há uns meses para cá, um grande esforço em avançar depressa e dar um rumo para que as coisas comecem a aparecer. Actualmente a PLIE já tem obra, com as infraestruturas terminadas, ou quase, e no princípio de 2007 esperamos começar a ver instalarem-se as primeiras empresas. O que é uma óptima notícia! Ainda na passada quinta-feira conversámos sobre o projecto com o comendador Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), e o próprio dispôs-se a vir à Guarda reunir com o presidente da Câmara e com o Nerga. O encontro será agendado nos próximos dias para se analisar a possibilidades de uma intervenção da AIP. Tudo isto leva-nos a pensar que, agora, as coisas vão avançar mais depressa.

P – Como encara o facto de ter sido o único candidato à presidência do Nerga?

R – Com naturalidade. Se os nossos sócios não estivessem plenamente satisfeitos teria havido uma lista adversária e isso até seria bom para nós. Não é fácil arranjar um grupo de seis ou sete pessoas com disposição, como é o caso, para colaborar e estar no Nerga. A nossa direcção é extremamente activa e cada um dos nossos directores fez, dentro da sua área, um trabalho fantástico. Aliás, se não fossem eles nada disto tinha sido feito.

P – Vai continuar à frente do Nerga até quando?

R – No fim deste mandato teremos que arranjar gente mais nova, com outras ideias e mais capacidade do que nós…

P – Fala-se tanto de empreendorismo, mas, na sua opinião, onde é que os empresários da região podem ou devem investir?

R – O Nerga está a fazer um esforço para um maior aproveitamento do recurso floresta. As pessoas devem entender que há ali uma importante mais-valia por explorar e não um amontoado de árvores para arder no Verão. Muitas empresas podiam ser criadas à volta da floresta e nós estamos empenhados em divulgar este recurso junto dos nossos empresários. Outro potencial é a nossa localização privilegiada, que pode aproveitar a tudo o que tenha a ver com transportes. Estamos na porta da Europa e temos que potenciar a nossa posição com actividades ligadas à ferrovia e rodovia. Há também a questão dos granitos, pedras e rochas, que têm sido levadas pelos espanhóis. Se eles as vêm cá buscar, por alguma razão será…

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