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Espanha quer alta velocidade pela Beira Alta

Guarda e Viseu entram na corrida da segunda linha de TGV para o país vizinho

A Guarda estará definitivamente na rota do futuro comboio de alta velocidade. O ministro do Fomento espanhol, Francisco Alvarez Cascos, confirmou no último fim-de-semana, em declarações à agência noticiosa Efe, a construção de uma linha ferroviária de alta velocidade para transportes de mercadorias e passageiros entre Madrid e Lisboa, via Salamanca e Valladolid, com passagens por Guarda, Viseu e Aveiro. O Ministério das Obras Públicas não comenta «possíveis» traçados, mas Carmona Rodrigues disse segunda-feira em Viseu que o TGV em Portugal contemplará, «em primeiro lugar», os grandes centros urbanos. As propostas para a alta velocidade deverão ser conhecidas a 7 de Novembro, durante a próxima cimeira luso-espanhola agendada para a Figueira da Foz.

Esta solução parece recuperar o plano do antigo presidente da Rede de Alta Velocidade (RAVE) que apontava as ligações entre Lisboa e Porto e quatro outras vias: Porto-Vigo, Aveiro-Valladolid, Lisboa-Badajoz e Lisboa-Faro-Sevilha. Trata-se do célebre modelo do “Pi” deitado, alegadamente a solução que mais convirá aos dois países. O projecto maximalista para os comboios de alta velocidade em Portugal terá então ganho o último “round” de um processo de indefinições e implicará a construção em simultâneo até 2010 das ligações Lisboa-Badajoz e Aveiro-Salamanca. Entretanto, a Comissão Europeia já disse que tenciona aumentar a taxa de co-financiamento comunitário do projecto do comboio de alta velocidade entre Portugal e Espanha, de 10 para 30 por cento. No entanto, a primeira conexão deverá ainda ser alvo de um projecto de impacte ambiental, enquanto a segunda linha, para cujo estudo económico-ambiental foram admitidas a concurso propostas de 14 empresas ou consórcios na passada semana, seria posteriormente ligada ao trajecto também de alta velocidade Porto-Vigo. Por cá, Maria do Carmo Borges congratula-se com a notícia, mas espera para ver. «Espero que o Governo saiba que esta oportunidade é única e que pelo menos, por estarmos a avançar com a plataforma logística, o transporte de mercadorias em alta velocidade tenha uma paragem na Guarda», referiu.

Até lá, a presidente da Câmara da Guarda garante que vai fazer chegar ao Governo português a ideia de que cidade «conta» com a alta velocidade. Uma mensagem que será transmitida nos próximos dias ao ministro da Economia, Carlos Tavares, que vai finalmente receber a comissão executiva da PLIE, e futuramente ao titular da pasta das Obras Públicas. «Até porque é o próprio Governo espanhol que acha que esta zona deveria ser tida em conta», acrescenta Maria do Carmo, que já não está tão optimista em relação ao transporte de passageiros. «Se os portugueses obedecerem aos espanhóis, isso não será possível nesta primeira fase», considera. Entretanto, o autarca de Viseu, Fernando Ruas, já disse que uma «escolha racional» do traçado de alta velocidade terá «obrigatoriamente» de ter em conta o eixo Braga-Porto-Aveiro-Coimbra, com ligação a Salamanca via Viseu. O também líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses lembrou ainda o «peso histórico da fronteira de Vilar Formoso», porta de entrada e saída de Portugal não só para Espanha mas para toda a Europa. Mas Carmona Rodrigues sublinhou que, numa primeira fase, serão os grandes centros urbanos que terão prioridade. Para o ministro das Obras Públicas, o traçado terá de «contemplar, em primeiro lugar, as zonas do país onde há maior procura», explicou em Viseu, no final de uma reunião com o presidente da autarquia, acrescentando que Viseu «também será, seguramente, uma das áreas que merecerá atenção», até porque a cidade «tem-se desenvolvido e aumentado a população, sendo um pólo muito importante numa zona interior do país».

Luis Martins

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