O tema era “Comunicação: Informação ou Negócio?”, mas Jorge Wemans e António José Teixeira, convidados do 4.º ano do curso de Comunicação e Relações Económicas, da Escola Superior de Educação da Guarda (ESEG), para o debate homónimo, foram unânimes em considerar que a informação é hoje em dia um negócio.
A iniciativa juntou na última quinta-feira alunos, professores e alguns curiosos do fenómeno informativo e mediático no auditório dos Serviços Centrais do IPG, que ouviram o antigo jornalista e actual director de comunicação da Fundação Calouste Gulbenkian recordar uma afirmação de Pinto Balsemão, presidente do grupo de comunicação Impresa, proprietário, entre outros, do “Expresso” e da SIC, segundo o qual «só os media rentáveis podem ser independentes do poder político e económico, enquanto os que não o são têm que fazer concessões para sobreviver». Jorge Wemans surpreendeu ainda a assistência ao defender a existência de meios de comunicação social públicos, «mas geridos como negócios e para servirem de reguladores», esclareceu, sublinhando que o facto da informação ser um negócio «não é o fim do mundo» desde que haja instâncias de regulação dos media e dos jornalistas. «É importante questionar os responsáveis editoriais porque é que determinadas realidades/notícias nunca aparecem», desafiou o antigo director de informação da agência Lusa e director-adjunto do “Público”, entre outras funções na imprensa portuguesa de referência.
António José Teixeira concordou e acrescentou que, para além do lucro, a credibilidade «é um dos valores do negócio». O subdirector do “Jornal de Notícias” e comentador político da TSF e SIC Notícias defendeu o surgimento do «jornalismo cívico», como está a acontecer nos Estados Unidos, «que encare o público enquanto cidadão e seja um participante justo e não mais um mero observador». Na sua opinião, este “novo” jornalismo permite uma reflexão sobre a profissão e a relação informação/negócio, numa altura em que «os jornalistas pertencem àquela elite a que as pessoas estão a virar as costas e estão a perder credibilidade». O tema está de regresso esta semana com as tradicionais Jornadas de Comunicação, promovidas pela ESEG. Ontem e hoje, vários especialistas, jornalistas e advogados estão a debater a “Comunicação e Justiça”. As jornadas decorrem no Hotel de Turismo da Guarda e no auditório do Paço da Cultura, onde foi ontem laçado o livro “O caso Casa Pia na Imprensa”, de Nuno Ivo e Óscar Mascarenhas, e está a realizar-se uma exposição/venda de livros sobre comunicação. Em simultâneo, tem ainda lugar a terceira edição do Encontro de Comunicação Empresarial.
Os oradores são António Marinho (advogado e colaborador da SIC e do “Expresso”), Alfredo Maia (presidente do Sindicato dos Jornalistas), António Kopke Túlio (director do gabinete de imprensa da Galp), António Ferreira (advogado e colaborador de “O Interior”), Graça Ferreira (presidente da Associação Portuguesa de Comunicação Empresarial) e José Magalhães (deputado na Assembleia da República). João Nabais (advogado), João de Almeida Santos (filósofo e investigador na área da Comunicação), Marlene Mendes (docente da ESEG), Madalena Ferreira (jornalista), Óscar Mascarenhas (jornalista e ex-presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas), Rogério Alves (advogado e candidato a Bastonário) e Rogério Santos (director da revista “Media XXI” e docente na Universidade Católica) completam o leque de palestrantes.