P – De que trata o seu novo livro, intitulado “Seis vezes Alpha”?
R – Dizem-me que se trata de um livro “místico”, diferente dos anteriores. É-o, talvez… Da conjugação entre as forças da gravidade sobre um gás, no tempo incomensurável do universo, emerge uma estrela. Somos, nós, pedaços dessa estrela? Einstein assegura que sim. Recordo-me, deitado numa cova antropomórfica na aldeia de Arrifana, décadas atrás, de vislumbrar um conjunto de seis que passei a reconhecer como uma espécie de tiara desenhada na noite. Serviu, esta memória, de pretexto para a história agora escrita. Trata-se de um romance iniciado nos prelúdios da época celto-romana, que cruza a Idade Média, a segunda Grande Guerra e chega à atualidade em seis capítulos e seis desfechos, um para cada estrela.
P – Por que motivo decidiu escrever este livro?
R – Nenhum, em particular. Surge na ponta do lápis e erige-se com a disposição do dia-a-dia. Esse é o fascínio da escrita: não se sabe de onde decorre, nem como finda. Surge, apenas…
P – Qual é a sua fonte de inspiração?
R – Soubesse eu e de lá não sairia. Vai e vem, como amante errática que é. Resta-me aguardá-la. Critico-lhe o critério, pelo tempo exagerado com os demais.
P – Para quem escreve Jorge Margarido?
R – “Uma Lâmpada de Flores Secas” é a história de um homem através dos objetos que colige, ao longo da vida. Houve quem o lesse e o classificasse como ensaio… Não foi essa a intenção, a sobranceria não é minha. Certo, é que se trata de uma narrativa (mais ou menos) ficcional circunscrita a espaços facilmente reconhecidos pelos leitores: Pínzio; Vilar Formoso; Arrifana; Guarda… Em “Toleimas e Paranoias nos Arrabaldes da Sé” podem identificar-se não só a cidade da Guarda, como algumas alienações das personagens populares que por aí passaram e que as ruas ainda contêm… E a Sé é a Sé da Guarda, claro. Em “Seis Vezes Alpha” descobre-se o território que há de tornar-se Portugal, em cada capítulo. Assim, para quem escrevo? Para os guardenses, para os amigos… Para quem me ler… Para mim!
P – Qual é a mensagem que pretende passar?
R – Cada livro, sua mensagem. O elemento comum aos livros é o “tempo”, pois sou demasiado néscio para o perceber. Talvez um dia o compreenda, à força de o escrever.
P – Já está a trabalhar numa próxima obra?
R – Sim. “Raminhos de Salsa”. Um livro curto sobre alguém que acorda numa manhã vulgar e vê ornado por vários ramos de salsa o itinerário quotidiano que o leva ao emprego. Diversas personagens se lhe vão cruzar no caminho, nenhuma consciente da importância da estranha incumbência de lhe entregar salsa…
P – Onde podem ser adquiridos os seus livros?
R – Nas editoras (Chiado e Vieira da Silva); na FNAC; na Bertrand. Noutras livrarias.
Perfil:
Escritor
Profissão: Professor
Naturalidade: Nascido em Pínzio (Pinhel), filho de pai oriundo de Espanha e mãe alentejana.
Currículo: Fez todo o seu percurso escolar na Guarda, desde a escola primária da Arrifana, onde viveu desde os seus primeiros anos, passando pela Escola de Santa Clara e pela Secundária da Sé, já aqui se adivinhando nele um peculiar grado pela leitura e escrita. Concluiu o curso em docência no Primeiro Ciclo do Ensino Básico na Escola do Magistério Primário da Guarda, em 1988; licenciou-se em Orientação Educativa e Educação Física. Passou quase uma década na equipa de coordenação do Desporto Escolar do Centro da Área Educativa da Guarda e duas como desportista praticante em diversas modalidades, é como Professor Primário que gosta de ser identificado e reconhecido. Como autor, editou as obras “Uma Lâmpada de Flores Secas”, “Toleimas e Paranoias nos Arrabaldes da Sé” e, recentemente, “Seis Vezes Alpha , porque se vive mais do que uma vez”.
Livro preferido: “O Outono do Patriarca”, de Gabriel García Márquez.
Filme preferido: Várias séries, das quais “Dr. House”; Filmes: “Le prénom”, de Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière; “A Caça”, de Thomas Vinterberg, entre muitos.
Hobbies: Leitura, escrita, música, BTT, agricultura e jardinagem.