Arquivo

Escolas básicas a prazo no concelho

A grande maioria das escolas do ensino básico do concelho vai desaparecer a médio prazo. Basta que o Governo decida aplicar a lei que determina o fecho dos estabelecimentos com menos de 10 alunos para que desapareçam 33 das 61 escolas existentes. Esta é a principal conclusão da Carta Educativa da Guarda, pré-apresentada anteontem no âmbito do IV Encontro de Docentes do concelho.

Trata-se de um retrato dinâmico da realidade escolar do município, em que o autor, António Rochete, professor do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Coimbra, começou por analisar os nascimentos entre 1999 e 2004 nas freguesias e logo aí se confrontou com um facto incontornável. «Só há alunos se houver nascimentos e no caso da Guarda é um choque vermos que, nalgumas localidades, não nasceram crianças nos últimos cinco anos», garante. Por exemplo, em 2004, o investigador contou três escolas com um aluno, outras tantas com dois e «inúmeras» com menos de cinco. Uma realidade que o leva a sugerir à tutela a tomada de medidas concretas para evitar um despovoamento «ainda mais acelerado» do interior. «Estamos a falar do encerramento da escola de uma freguesia ou de várias freguesias, se calhar podíamos pensar primeiro na reformulação da divisão administrativa do país, especialmente nesta zona», propõe.

Mas nem tudo é negativo. Neste cenário de falta de alunos, António Rochete encontrou alguns «oásis», como Gonçalo e Arrifana, onde os nascimentos garantem futuro às respectivas escolas. «A reorganização da rede educativa pode começar por aqui, pensando-se já em proporcionar melhores condições para as crianças, como refeitórios, bibliotecas ou polivalentes. Mas isso representa um investimento significativo para a autarquia», avisa. Nesse sentido, o responsável admite haver localidades com condições para virem a ser centros educativos, mas recusa-se a especificar quais devido ao período eleitoral. Como seria de esperar, também a cidade contrasta com o mundo rural e a Carta assinala mesmo um crescimento «excepcional» de alunos. A tal ponto que António Rochete antevê uma situação de ruptura das escolas da Guarda daqui a alguns anos: «Com o inglês, a matemática e o físico-motor, temos neste momento prolongamento de horário e as escolas que funcionavam em duplo horário já estão ocupadas», realça. Positivo foi igualmente o facto de ter encontrado escolas com «excelentes» recursos educativos.

Sobre o autor

Leave a Reply