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Escola da Sequeira reviveu 5 de Outubro de 1910

Implantação da República foi recriada, num evento que contou com a presença da bisneta de Carolina Beatriz Ângelo, patrona da escola

Ouviram-se gritos de «viva a República» na tarde de segunda-feira na Guarda. A Escola da Sequeira recuou 100 anos e reconstituiu a implantação do regime que vigora até aos nossos dias. Trajados à época, alunos e professores recriaram o dia 5 de Outubro de 1910, sob o olhar atento da bisneta daquela que ficou conhecida como a mulher da República Portuguesa, a guardense Carolina Beatriz Ângelo. De resto, já na parte da manhã este passou a ser o nome da escola do segundo e terceiro ciclos.

Escola Básica Carolina Beatriz Ângelo assim se designa doravante a antiga Escola EB 2/3 da Sequeira. Na cerimónia de nomeação da patrona do estabelecimento de ensino – sede do agora Agrupamento de Escolas Carolina Beatriz Ângelo – estiveram, para além das habituais entidades oficiais e comunidade escolar, a bisneta da “mulher da República”. Apesar de residir e ter nascido em Lisboa, Maria João Fagundes admitiu a O INTERIOR ter uma «relação de afectividade em relação à Guarda», cidade que foi «um dos primeiros locais» onde levou o seu filho, trineto de Carolina Beatriz Ângelo. Depois de descerrada a placa com o novo nome da escola foi ainda plantada uma árvore evocativa da República. Em relação à escolha da personalidade para designar a escola e respectivo agrupamento, o director esclareceu que «os ideais por ela defendidos são os mesmos que se pretendem transmitir aos alunos». José Grilo dos Santos sublinhou que a ideia é que «todos os estudantes que passem por esta escola possam saber quem era esta senhora e os ideais que ela defendeu, no sentido de que sempre, pela sua vida fora como cidadãos, possam defendê-los».

Mas os protagonistas do dia foram mesmo os alunos, que já começam a estar sensibilizados para a ilustre personalidade que, desde segunda-feira, dá nome à sua escola. André Santiago foi José Relvas, o mensageiro da “boa-nova”. O aluno do 9.º ano refere que Carolina Beatriz Ângelo «era uma senhora muito importante do início do século XX, foi a primeira mulher a operar e a votar em Portugal, e era da Guarda», afirmou com convicção. Sobre a República, o jovem de 14 anos não tem dúvidas acerca das vantagens relativamente ao anterior regime: «Agora podemos escolher quem pode representar o país», afirmou. Depois de anunciado o governo da Primeira República, Inês Hilário encarnou o símbolo do 5 de Outubro. Envergando a bandeira verde-rubra, a aluna de 15 anos foi “República” por um dia e também cantou o hino, num momento que a encheu de orgulho. «Senti-me muito nervosa, mas tentei fazer as coisas o melhor possível, revelou. «É muito bom, muito agradável mesmo. É um orgulho grande para mim segurar a bandeira de Portugal, ouvir o hino e representar a República», confidenciou a jovem do 9.º ano.

A assistir a esta recriação histórica, a bisneta de Carolina Beatriz Ângelo não conseguiu disfarçar a emoção no momento em que foi entoada a “Portuguesa”. «As primeiras bandeiras que saíram para a rua no 5 de Outubro foram costuradas na casa da minha bisavó, de forma clandestina para que naquele dia pudessem aparecer nas ruas de Lisboa o verde e o vermelho. Essa também é uma história de família que é contada e que se entrecruza com a história nacional e é sempre um momento que me comove», explicou Maria João Fagundes. Sobre esta pequena encenação, sublinhou o «empenho e dedicação de todos os intervenientes», o que para a bisneta de Carolina Beatriz Ângelo significa que, «quando as pessoas se mobilizam, podem ser feitas coisas muito importantes e bonitas que dizem respeito a valores». Antes da recriação histórica foi ainda inaugurada na biblioteca da escola a exposição “Cem anos de República”. Com algumas fotografias e trabalhos desenvolvidos pelos alunos, a mostra evoca todos os presidentes da República de Portugal, de Manuel de Arriaga a Cavaco Silva, além de um pouco da história da República na Guarda.

Veja a reportagem em: www.ointerior.tv

Rafael Mangana Alunos e professores vestiram-se como no início do século XX

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