Um clássico de Gil Vicente sobe hoje ao palco do TMG numa versão da Escola da Noite. O célebre “Auto dos Físicos” tem sessão dupla: às 10 horas para as escolas e às 21h30 para o público em geral.
A peça tem a encenação de António Augusto Barros e interpretação de Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo. Escrito e representado pela primeira vez entre 1512 e 1524, o “Auto dos Físicos” encerra o livro das farsas na “Copilaçam” de 1562 mas viria a ser excluído da edição de 1586 pela censura da Inquisição. Acredita-se, pelo tom chocarreiro e pelo burlesco que a caraterizam, que foi representada em época de Carnaval. Um padre “morre” de um amor não correspondido e quatro médicos (os “físicos”) visitam-no à vez, sugerindo estapafúrdios remédios. Brásia Dias, a parente que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende “bem demais” o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens desta divertida farsa, rematada por uma “ensalada” vicentina, com referências e citações de outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional. A peça apresenta caricaturas de pessoas concretas – os quatro físicos correspondem a pessoas que realmente existiam e que o público facilmente reconhecia – mas é também, como quase toda a obra de Vicente, um retrato da corte, da Igreja e da sociedade portuguesas do século XVI em Portugal.
