O centro da cidade da Guarda foi o palco para o regresso dos Passeios Culturais do Inatel da Guarda. Conhecer no terreno as propostas de intervenção urbanística que os arquitectos Cláudia Quelhas e João Cláudio Madalena e Salette Marques sugeriram no jornal “O Interior”, a propósito dos 803 anos da Guarda, foi a proposta deste Passeio que juntou pouco mais de uma dezena de pessoas no passado domingo.
O encontro estava marcado para o Largo João de Almeida às dez da manhã de domingo. Em frente da Igreja , mas não para assistir à eucaristia dominical, antes para deambular entre as ideias que os jovens arquitectos ofereceram à cidade. Salette Marques orientou o olhar dos seus seguidores por entre as árvores que se elevam no separador da praça de táxis. Fez ver os “passeantes” como seria mais formoso o largo se a sua sugestão tivesse merecido o apreço da autarquia. Ah! Exclamavam os que ouviam a explicação dos degraus que gostaria ver no lugar do «muro dos telefones dos taxistas» que nunca estão por ali. A praça de táxis daria lugar a um espaço aberto, em pequenos socalcos. E os carros de praça teriam de procurar outro pouso. Mas que táxis? Como comentava um dos curiosos «hoje há cá um», outras vezes nenhum.
Salette Marques, enquanto explicava o conceito de intervenção que considera mais oportuno para situações do género, criticou o facto de não haver «muita gente a projectar» o que deforma a qualidade da urbe. Para a arquitecta, «na Guarda o espaço está ocupado por carros» que dominam zonas que, por natureza, deveriam ser vividas pelo cidadão. Mas se a intervenção sugerida para o Largo João de Almeida foi acompanhada de forma pacífica, já a proposta que os arquitectos João Madalena e Cláudia Quelhas apresentaram n’ O Interior, em Novembro 2002, para o Jardim José de Lemos, não mereceu a concordância de todos. Cláudia Quelhas considerou que no Jardim deveria ser feito «o centro cívico da cidade» onde houvesse, ao nível do solo, espaço para o cidadão e, no subterrâneo, estacionamento automóvel. A jovem arquitecta considerou mesmo que «esta proposta não será suficiente para resolver o problema» do estacionamento no centro da cidade. João Madalena explicou como ficaria o «novo jardim» enquanto afirmava que «Câmara não intervém e não faz intervenção de fundo no espaço urbano há várias décadas». Mas nem este argumento calou as vozes discordantes dos que, de forma saudosista, vêem na proposta a destruição de um património de afectos. «É o único jardim da cidade», insistiu um dos participantes.
O regresso dos Passeios vai continuar dia 11 de Julho, há ainda para descobrir Belgais e o Parque Natural do Tejo Internacional (Castelo Branco), a Quinta da Maúnça (Guarda), bem como o património histórico e monumental do Sabugal.