O ensino pré-escolar é a excepção na Carta Educativa de Celorico da Beira. Tanto pelo aumento dos alunos, como pelo número de instituições públicas e privadas que ali funcionam ou pela elevada taxa de escolarização. O documento foi apresentado e aprovado na última reunião do executivo, na passada quinta-feira.
Rui Oliveira, da CESUR (Centro de Sistemas Urbanos e Regionais) do Instituto Superior Técnico, apresentou a Carta Educativa, iniciada este ano. «No caso de Celorico, em que o PDM está um pouco atrasado, esta Carta Educativa antecipa-se nalguns aspectos», alerta o técnico. Quanto à evolução do número de alunos no concelho, de 1995/96 a 2004/05 registou-se uma quebra no 1º, 2º e 3º ciclo e secundário, com excepção do ensino pré-escolar, «por causa do aumento da oferta e da maior consciência dos pais», justifica Rui Oliveira. A rede pública constitui a totalidade da oferta em todos os níveis de ensino, com «maior expressão» ao nível do 1º ciclo e um «peso reduzido» no secundário, mas no pré-escolar a rede privada abrange 13 por cento dos alunos matriculados. Enquanto as taxas de escolarização rondam os 100 por cento, o indicador surpresa é de novo o pré-escolar, com uma taxa média de 113 por cento. «Num “ranking” nacional, Celorico ficava seguramente à frente», ironiza o responsável da CESUR. No ensino básico, a taxa média ronda os 97 por cento, enquanto o ensino secundário apresenta uma taxa de 63 por cento.
Para o técnico, «é um valor aceitável atendendo a que o secundário não é obrigatório». O que não é aceitável é a elevada taxa de analfabetismo nos dois anos (1991 e 2001), pois «é superior à média do continente e entre as mais elevadas dos concelhos limítrofes», sublinha Rui Oliveira. Em contrapartida, a taxa de abandono escolar está na média nacional, cerca de 2,7 por cento. Já a taxa de retenção no ensino básico é superior às médias nacionais e «francamente» acima da Guarda. O elevado valor da taxa de saída precoce no concelho «é um claro indicador de que muitos jovens não prosseguem os estudos após a conclusão da actual escolaridade obrigatória», constata. Adicionalmente, o também elevado valor da taxa de saída antecipada mostra que, para o ano censitário de 2001, uma parte significativa da população na faixa etária dos 18-24 não completou sequer a escolaridade obrigatória. «É uma situação preocupante», garante o técnico. A conjugação destes indicadores aponta para baixos níveis de instrução e qualificação que afectam a população jovem do concelho.
Segundo o balanço prospectivo, há necessidade de ampliar a actual EB 2,3 e Secundário de Celorico para permitir a oferta de cursos profissionalizantes. Para além da criação de dois centros escolares com oferta de pré-escolar e 1º ciclo, situando-se em Casas de Soeiro e na Lageosa do Mondego. A localização suscitou alguma controvérsia na reunião, mas foi apaziguada pelo vice-presidente da Câmara de Celorico da Beira. «Este documento foi elaborado pela CESUR e vai ser trabalhado para que o próximo executivo faça dele um suporte de trabalho», insistiu Armando Neves, acrescentando que agora é preciso executar outras fases do projecto «como a monitorização, a procura dos espaços e as verbas necessárias para a sua execução».
Patrícia Correia