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Enquanto os sinos não dobram

Já faz tempo (11/10/2007), foi aqui neste jornal publicado um pequeno texto com o título “Mealheiro de recurso”, onde se dava a sugestão de amealhar alguns cêntimos para ajudar a resolver alguém com uma aflição inesperada. Mas desde, ou antes dessa data, a vida para a maioria das pessoas – e principalmente para os casais com filhos -, tem piorado de dia para dia, ou porque perderam o emprego de momento, ou a compra de livros de imediato para o ano escolar que está a iniciar-se, roupas e agasalhos para os seus filhos, um pouco mais de alimentação que é necessária e até alguma medicação, mas sem dinheiro deve ser uma aflição tremenda.

As pessoas com ou sem responsabilidades desconhecem ou fecham os olhos para não verem que são estes casais e seus filhos que vão dar a continuação deste pedaço de terra cada vez mais pequeno (costa litoral) que se chama Portugal.

Os velhos de hoje e pensionistas podem dar uma ajuda com uma pontinha de solidariedade, com um coração generoso que ainda bate olhando para os novos de amanhã.

Não se trata de um peditório ou pedir uma esmola, não é nada disso. Mas sim criar-se um tipo de banco para empréstimos monetários destinados a esses casais necessitados e que assim (…) farão o pagamento ou em parcelas ou na totalidade, sem qualquer taxa ou coisa semelhante a pagar.

Todo este movimento de solidariedade teria o testemunho importantíssimo de uma assistente social, que é a única conhecedora de muita dificuldade envergonhada.

Os valores possíveis mensalmente depositados por generosidade dos pensionistas, deverá ter sempre a segurança e a sua contabilidade normal, como se fosse feito um depósito na sua conta bancária sem perda dos poucos ou muitos juros que possa ter.

Muitos pensionistas, e felizmente que os há, recebem avultadas e merecidas reformas, mas não têm tempo ou saúde para gastar a sua reforma, limitando-se a depositá-las no banco, fazer a manutenção de uma doença que o preocupa, reservar para a mortalha e esperar pelos herdeiros.

O Natal está aí! Que as crianças não notem ou sintam as dificuldades que os seus pais possam estar a viver, que elas fiquem à espera de um Menino Jesus, mas já adulto e generoso que os vem ajudar. É o que todos nós mais desejamos para as crianças que não tiveram culpa de nascer e sofrer pelos erros de todos nós.

António Nascimento, Guarda

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