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Engenharias da UBI com pouca procura

Universidade da Beira Interior com mais de mil colocados na primeira fase de ingresso ao ensino superior

À semelhança do ano passado, a Faculdade de Ciências da Engenharia foi a que obteve menor taxa de colocação, ao passo que a Faculdade de Ciências da Saúde preencheu todas as vagas. No total, foram ocupadas mais 180 lugares que em 2006. As notas de ingresso mais elevadas registaram-se nos cursos de Medicina (18,35 valores) e Ciências Farmacêuticas (16,42 valores). Já Línguas, Literaturas e Culturas (10,58 valores) e o estreante curso em Ciência Política e Relações Internacionais (10,64 valores) tiveram as médias mais baixas. Engenharia Têxtil não registou qualquer candidato.

A Universidade da Beira Interior (UBI) aumentou a taxa de ocupação das vagas para 1º Ciclo, num ano em que subiram também as classificações finais de grande parte dos cursos. Um dado que, segundo o reitor Santos Silva, «dá algumas garantias de sucesso escolar». Na primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior foram colocados 1.033 alunos na Covilhã. Para Outubro ficaram 220 vagas em aberto, que podem ser ocupadas nos concursos especiais, como o destinado a candidatos com mais de 23 anos. Santos Silva garante que também «aumentou de forma significativa a percentagem de alunos dos distritos da Guarda e Castelo Branco e isso deixa-nos satisfeitos». Uma satisfação partilhada pelos estudantes. Fernando Jesus, presidente da Associação Académica da UBI, espera que o número continue a aumentar «na próxima fase e nos próximos anos». Apesar de ser a Faculdade menos procurada, Fernando Jesus vê nas Engenharias uma das áreas mais bem sucedidas neste concurso: «Estamos surpreendidos pela positiva. Conseguimos captar novos alunos para as engenharias, que era a nossa principal preocupação. Ao fazermos o “funeral das engenharias”, os alunos do ensino secundário deram conta da existência desses cursos na UBI», ironiza o responsável.

Santos Silva mostra-se igualmente agradado com a adesão às Engenharias, apesar da UBI não ter sido autorizada a registar os mestrados integrados. O reitor fala em «discriminações» e acredita que, mesmo assim, a UBI tem «uma capacidade de formação na área da ciência e tecnologia muito superior ao número de candidatos». Mas admite, todavia, «problemas de captação na área das engenharias, o que não é exclusivo da UBI».

Financiamento não chega para pagar salários

O “Jornal de Negócios” de segunda-feira avançou com os valores que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) atribuirá às instituições de ensino superior universitário e politécnico. Este ano, a UBI receberá 19,5 milhões de euros, menos 1,5 milhões de euros que em 2006. Um valor insuficiente para pagar os salários dos 450 docentes e 300 funcionários da instituição. Santos Silva terá assim de recorrer às verbas provenientes de receitas próprias, como as propinas. Uma atitude contrária à lei, onde consta que essas verbas deverão ser investidas na qualidade do ensino. Apesar desta situação, Santos Silva nem admite a hipótese de dispensar funcionários ou elementos do corpo docente. A maior dificuldade está no pagamento dos 7,5 por cento para a Caixa Geral de Aposentações – 1,6 milhões de euros anuais – que levam o reitor a pensar num cenário negro caso as previsões de aumento se concretizem: «As universidades estarão em crise no próximo ano, pois quase nenhuma tem disponibilidade para pagar esse valor se os orçamentos não forem reforçados», avisa. Este ano lectivo o valor das propinas está fixado em 950 euros. É o valor máximo permitido, mas «há outra alternativa. Devido ao sub-financiamento do Estado as universidades têm que equilibrar o seu orçamento».

Prescrições ameaçam 800 alunos

Segundo Fernando Jesus, 400 estudantes constam já de uma lista de prescritos. Este número pode duplicar mediante os resultados dos exames de recurso. Um aumento que preocupa a AAUBI, que apresentou uma proposta «para que Bolonha fosse o ano zero para as prescrições». O dirigente alega que «as expectativas dos estudantes não podem sair goradas. Eles entraram num modelo de ensino e, neste momento, esse paradigma alterou-se por completo com Bolonha». A Associação Académica tem mantido contactos com a reitoria que, até certo ponto, concorda com os estudantes. Santos Silva diz que o momento é de «implementação do processo de Bolonha e de mudança legislativa», pelo que este «não é o ano adequado para se adaptarem as prescrições». O reitor defende tolerância, mas a lei de 2003 vai mesmo ser executada. «As prescrições vão ser uma realidade já este ano, a não ser que o Governo decida de outra forma», sentencia, deixando um recado aos alunos, «pois tiveram estes anos para tomar conhecimento desta aplicação».

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