Sempre que o preço dos combustíveis fósseis, nomeadamente do petróleo, “dispara” para valores muito altos nos mercados internacionais, o debate sobre o desenvolvimento e utilização de energias alternativas é retomado. A implementação de energias alternativas passa pela aplicação de energias renováveis, com especial destaque para a energia eólica e solar, e pela redescoberta da energia nuclear.
A energia nuclear tem gerado muita polémica no seio da comunidade científica e reflexo disso, é a sua história conturbada. Esta tem passado por períodos onde é vista como a solução energética do futuro, nomeadamente no início dos anos 60, com o aparecimento das primeiras centrais nucleares. Mais tarde, na década de 80, foi vista como um enorme risco ambiental, tendo como fortes opositores inúmeros ecologistas e ambientalistas.
A energia nuclear é a energia libertada durante a fissão nuclear, na qual um átomo de um elemento origina dois átomos de elementos diferentes; ou aquando da fusão do núcleo atómico, onde dois átomos de pequenas dimensões combinam-se originando um átomo de maiores dimensões, de um elemento diferente. A quantidade de energia que pode ser obtida através destes processos excede largamente aquela que se obtém através da utilização das energias renováveis, ou mesmo da “queima” de combustíveis fósseis.
A necessidade de travar as alterações climáticas, de cumprir as metas estabelecidas pelo protocolo de Quioto, acordo rectificado por alguns países para reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, associado à crescente dependência energética da nossa sociedade, levou ao reequacionamento da utilização da energia nuclear. Apesar das energias renováveis serem uma tecnologia promissora, não parecem ser a solução a curto prazo para combater crise energética devido à pouca rentabilidade que apresentam.
Actualmente, só se produz energia a partir da fusão nuclear, da qual resultam resíduos radioactivos que se mantêm activos por muitos milhares de anos. Apesar de não emitir gases poluentes para a atmosfera, a diversidade de opiniões sobre o destino dos resíduos parece ser o argumento utilizado por ecologistas para se oporem à utilização da energia nuclear.
Esta nova aposta no nuclear passa pelo desenvolvimento de uma nova geração de centrais atómicas mais seguras, mais eficazes e mais ecológicas. Estes três pressupostos, para além de tornarem o processo atómico mais eficiente, procuram combater o medo que as centrais nucleares despertam na opinião pública.
A discussão que irá decorrer nos próximos anos sobre qual das energias alternativas deve ser a aposta futura para combater a crise energética não deve estar presa a pressupostos obsoletos ou dogmas antigos, deve sim, acompanhar as evoluções tecnológicas que ciência nos oferece.
Por: António Costa *
* Natural da Guarda, 24 anos, e inicia nesta edição rúbrica quinzenal. Licenciado em Química, Ramo educacional, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Actualmente frequenta o curso de formação especializado em Comunicação e Educação em Ciência, na Secção Autónoma de Ciências Jurídicas, Sociais e Políticas da Universidade de Aveiro