O «amigo» José Sócrates já levou para São Bento uma mão cheia de «anseios» de Joaquim Valente. O candidato socialista à Câmara da Guarda conta com o primeiro-ministro para resolver a requalificação do Parque da Saúde, a modernização das acessibilidades rodo e ferroviárias e a conclusão da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE). Sem esquecer a «concretização total» do Polis, a criação de uma escola tecnológica profissional ou de incentivos à fixação de empresas de alta tecnologia. O “pacote” foi entregue em mão própria no último sábado, naquele que foi o maior comício jamais realizado na cidade.
Mais de cinco mil apoiantes lotaram por completo o antigo pavilhão da falida Eurosim para assistir ao reencontro de dois colegas da faculdade. Um conseguiu a primeira maioria absoluta do PS, outro aspira a fazer o mesmo num município socialista desde sempre. Para tal, Joaquim Valente não se coibiu de apelar ao voto: «No dia 9, ninguém pode ficar em casa», desafiou, depois de ter desfiado projectos e ideias para consolidar a Guarda como «centralidade ibérica». O candidato prometeu trabalho e não jogos de bastidores de «efeitos demagógicos». Isto é, «nunca terei uma gaveta para esconder os projectos só porque, mesmo sendo bons, são de outros cidadãos ou forças políticas», sublinhou. Joaquim Valente recuperou ainda a necessidade de uma gestão moderna na autarquia e anunciou que, com ele e as novas tecnologias, «qualquer processo que der entrada na Câmara Municipal será respondido no prazo máximo de 15 dias». Um compromisso saudado com um efusiva salva de palmas. Um efeito igualmente conseguido antes do candidato pelo presidente cessante. É que a Álvaro Guerreiro ficou reservado o papel de acusador num “julgamento” em que Ana Manso – cujo nome nunca foi citado – se sentou no banco dos réus. A plateia, qual juiz, não teve dúvidas e sentenciou a “arguida” pelos «percalços» da PLIE ou a inviabilização do projecto da Escola Profissional da Guarda.
Contudo, o autarca espera ver confirmado este veredicto nas urnas: «No dia 9, os guardenses vão saber como responder às mentiras, políticas de boicote e de projectos pessoais», garantiu Álvaro Guerreiro. A assistência estava galvanizada quando o primeiro-ministro e secretário-geral do PS subiu ao palco. A Guarda foi a primeira e uma das suas poucas aparições nesta campanha, mas logo o presidenciável Manuel Alegre se lhe atravessou no caminho obrigando José Sócrates a defender a sua dama. «O PS tem um candidato e só pode ter um. Esse candidato foi escolhido por uma larga maioria quer na Comissão Nacional, quer naquilo a que corresponde o sentimento dos militantes do PS. É esse candidato que o PS apoia e é nele que se revê», reiterou ao lembrar que Mário Soares é o político «com mais prestígio internacional» e aquele que vai «unir todos os portugueses». Mas esse combate é só em Janeiro, até lá há que eleger Joaquim Valente. O que, para Sócrates, é fácil: «O PS orgulha-se de ter um candidato tão bom na Guarda e que está à altura dos candidatos do passado», disse, garantido que essa não é a única vantagem dos socialistas. A outra reside no facto da cidade ser «fiel àqueles que fizeram obra e o PS tem aqui uma das mais notáveis obras autárquicas em todo o país», considerou.
No meio deste optimismo, o líder socialista recordou o colega da universidade e o profissionalismo do engenheiro. «Joaquim Valente tem um trajecto que fala por si e vai desenvolver uma política à semelhança do seu passado ao criar melhor ambiente, promover o mais rápido licenciamento e combater a burocracia», acrescentou, virando-se depois para a política nacional e acusar os líderes da oposição de «se limitarem apenas a dizer mal» do Governo. «Eles podem dizer mal, mas ninguém pode negar que estamos a fazer aquilo que é justo, as mudanças necessárias, e para benefício de todos», sublinhou, recordando o fim dos privilégios dos políticos, das subvenções extraordinárias para os deputados e das contagens a dobrar para os autarcas.
Luis Martins