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Empréstimo de 1,6 milhões de euros chumbado em Figueira

Presidente da Câmara apresentou proposta que foi chumbada pelos vereadores do PSD e pelo independente António Morgado, que, juntos, estão em maioria no executivo

A Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo chumbou recentemente a contração de um empréstimo de 1,6 milhões de euros. A proposta foi apresentada pelo presidente mas apenas obteve o voto favorável dos dois eleitos do PS, enquanto os dois vereadores do PSD e o independente António Morgado, ex-vice-presidente do executivo, votaram contra.

O empréstimo visava financiar obras no Centro Interpretativo da Talha de Castelo Rodrigo, nos reservatórios de águas da Reigada e no centro de dia da vila, entre outros trabalhos e, para o autarca, o município tem «estrutura suficientemente equilibrada para poder contrair esse empréstimo». Opinião contrária tiveram os vereadores da oposição, alegando que «a autarquia dispõe de saúde financeira suficiente para poder executar a obra sem recorrer a empréstimos», revelou Paulo Langrouva. Em causa está um empréstimo de 4,6 milhões de euros contraído pelo executivo anterior para financiar despesas de investimento, com condições especiais de pagamento. Este foi o ponto de partida para os votos contra. A O INTEIOR, António Morgado explicou que «o presidente optou por devolver o empréstimo ao banco e amortizar a dívida», em vez de o investir na «concretização de projetos estruturantes» que iriam gerar «dinâmicas de desenvolvimento económico com um grande potencial de criação de empego, riqueza e qualidade de vida para os figueirenses».

A mesma justificação é usada pelo vereador social-democrata Carlos Condesso, que acusa Paulo Langrouva de «falta de visão» e lamenta que o autarca tenha «amortizado na totalidade esse empréstimo e agora não tem dinheiro. Uma opção do presidente que agora tem de pagar pelo erro». O edil rejeita as críticas e diz que «aquele empréstimo destinava-se a outras obras que não estas», temendo agora que fique «comprometida uma série de intervenções cruciais no concelho». Sem os 1,6 milhões de euros do empréstimo, Paulo Langrouva considera que a Câmara só poderá fazer «aquelas obras mais necessárias em detrimento de outras». O presidente avisa ainda que esta reestruturação terá outras consequências, pondo em causa «a redistribuição de riqueza e a criação de uma dinâmica empresarial», uma vez que as empreitadas previstas seriam entregues «a empresários do concelho».

Paulo Langrouva afirma que este desfecho «é revelador que a oposição teima em bloquear e travar o desenvolvimento das obras e do concelho». Já Carlos Condesso defende-se e sublinha que «os vereadores do PSD são a favor de obras, mas também somos a favor de uma boa gestão dos dinheiros públicos». O social-democrata acusa mesmo Paulo Langrouva de «esbanjar dinheiro com coisas fúteis, como tem feito até hoje». Na sua opinião, o edil «só não faz obra se não quiser», pois a Câmara «ainda tem mais de um milhão de euros para as fazer e é ridículo pedir um empréstimo naquele valor para trabalhos de 30 mil euros». Carlos Condesso lamenta ainda que o autarca «ande a fazer-se de vítima e a desculpar-se da sua má governação com os vereadores do PSD». Por sua vez, o vereador independente eleito na lista do PS, recorda que a autarquia gasta «por ano 250 mil euros em avenças». António Morgado considera ainda que pedir um novo empréstimo «não faz qualquer sentido», uma vez que Paulo Langrouva «andou nos últimos três anos a gabar-se que estava a reduzir a dívida do município e agora quer voltar a endividar-se».

Luis Martins Obras iriam permitir a «redistribuição de riqueza e a criação de uma dinâmica empresarial», sustenta Paulo Langrouva

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