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Empresas desafiadas a cooperar com IPG para inovar

Estudo defende criação de centro de investigação e de um Sistema de Estímulo em Rede ao Empreendedorismo e à Inovação no distrito da Guarda

Um estudo encomendado pela Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) conclui que a inovação ainda continua fora dos planos da maioria das empresas do distrito, havendo também um «défice de colaboração» com o Instituto Politécnico. Os resultados desta análise foram divulgados, na passada quinta-feira, e defendem a implementação, até 2015, de um Sistema de Estímulo em Rede ao Empreendedorismo e à Inovação (SEREI).

O trabalhou constou de um inquérito a um conjunto de empresas seleccionadas pelo NERGA, que apresentaram alguma propensão para a inovação, para perceber quais eram as inovações realizadas. «Constatámos que a grande maioria inovou sobretudo ao nível do processo. Portanto, houve pouca inovação ao nível do produto, ou seja, pouca introdução de novos produtos no mercado», adiantou o coordenador da equipa que elaborou o estudo. Contudo, João Amaro sublinhou que «não há nenhum sector de actividade que tivesse apostado mais na inovação do que outro, o que verificámos foi um défice de colaboração entre o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e as empresas». A excepção foram algumas empresas agro-alimentares e de novas tecnologias da informação, que inovaram ao nível do produto, o que se traduziu num aumento de facturação em cerca de 10 por cento. «Mas a grande maioria inovou sobretudo ao nível do processo», acrescentou.

Outra conclusão deste trabalho é que «dois terços das empresas que inovam, fazem-no recorrendo aos seus próprios recursos ou a colaborações com empresas do mesmo grupo», destaca o estudo sobre os “Constrangimentos e Potencialidades à Inovação no Distrito da Guarda”. «O que significa que ainda há muito a fazer para fortalecer as relações entre empresas e o ensino superior, nomeadamente o IPG, cuja boa capacidade instalada não está a ser aproveitada», disse João Amaro. Para o coordenador do trabalho, no caso da Guarda, há que estimular três “c’s”: «É preciso incutir confiança nos empresários, pois existem as pessoas e as capacidades, portanto é possível fazer mais e melhor ao nível da inovação na Guarda. Será também necessário promover a cooperação entre os agentes e estimular os negócios baseados no conhecimento», afirmou.

O consultor defendeu ainda a criação, no NERGA, de um gabinete de propriedade industrial, para se proteger marcas e patentes. Mas, sobretudo, a constituição de um centro de investigação: «O modelo a seguir é o do Centro de Estudos Ibéricos, que envolve as Universidades de Coimbra e Salamanca, mas vocacionado para o desenvolvimento tecnológico», apontou João Amaro, afirmando que o futuro das regiões está cada vez mais nos negócios gerados a partir do conhecimento. «É nesse campo que se consegue desenvolver mais valor acrescentado, logo maior rendimento por trabalhador, mais facturação e melhores salários nas empresas», sustentou.

Luis Martins

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