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Empresas de transportes de serviços em crise

Aumentos dos impostos, do IVA e dos combustíveis têm atirado a “Carrola Transportes” para uma complicada sobrevivência

Os aumentos dos impostos e do IVA para 21 por cento e as sucessivas subidas do preço dos combustíveis estão a provocar sérias dificuldades de sobrevivência às empresas dos sectores de transportes de serviços.

A Carrola Transportes, Lda, vocacionada para transportes de carga, distribuição, logística e mudanças, é uma das empresas que se encontra a atravessar sérias dificuldades de sobrevivência. As «quebras» do serviço em certas zonas do país, como o Alentejo e Trás-os-Montes, têm levado a sociedade a «trabalhar com prejuízos», refere Sofia Carrola, relações públicas. O cenário «negro», semelhante à maioria das empresas do sector, agrava-se ainda mais quando a grande área de serviço da Carrola é a distribuição. «Nas cargas, os camiões só circulam quando estão cheios, enquanto que na distribuição basta apenas ter um produto», salienta a responsável, que encontra apenas duas soluções para combater a crise: «Dedicarmo-nos mais à logística (transporte, armazenagem e parte administrativa) e aumentar os preços», aponta. Se bem que esta última opção será mais complicada de avançar. É que, pelos estudos que têm efectuado, terá que haver um aumento na ordem dos «oito por cento» para combater a crise. «Certamente, nenhum cliente estará disposto a aceitá-los», afiança.

Ainda para mais, por terem efectuado já um aumento no início deste ano, na ordem dos cinco por cento. «Não há outra solução. Ou paramos ou trabalhos com prejuízos», lamenta, traçando um futuro pouco risonho para o sector. «Não temos tido benefícios nenhum. Pelo contrário, só nos têm deitado ainda mais para baixo», confessa Sofia Carrola, admitindo mesmo a possibilidade de efectuar «mais despedimentos» no próximo ano caso o panorama não se altere. Ainda em Maio passado, a empresa viu-se obrigada a despedir cinco pessoas por causa dos custos. «Estamos a trabalhar com as pessoas essenciais», adianta, revelando que irá tentar manter os cerca de 60 funcionários actuais. «Mas se isto continuar assim, se calhar teremos que despedir mais algumas pessoas», admite Sofia Carrola.

É que, para além do aumento dos impostos, acrescem ainda as dificuldades de estar sediada no interior do país. «Temos que fazer ligações diárias para todo o país e há sempre as portagens para pagar», aponta, para quem o Governo deveria dar alguns incentivos, como a isenção de portagens, às empresas. «E esperemos que a A23 não venha a ter portagens, caso contrário será bem mais difícil sobreviver», desabafa. Sediada no Parque Industrial do Canhoso há cerca de duas décadas, a empresa dispõe actualmente de terminais em Sintra, Maia e Lisboa, sendo uma das empresas «mais reconhecidas nacionalmente» na área da distribuição. Entre os principais serviços realizados pela Carrola estão os transportes de todo o espólio de Natália Correia para Ponta Delgada e do espólio do pavilhão da Santa Sé na Expo 98.

Liliana Correia

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