O empresário guardense Jorge Leão adquiriu recentemente um quarteirão no Centro Histórico da cidade com o objectivo de requalificar aquela área, numa iniciativa que se pode vir a revelar uma mais-valia para a zona. Ao todo são cerca de 3.000 metros quadrados repartidos por várias casas e alguns barracões do Passo do Biu e Rua do Torreão. A área a recuperar abrange ainda a parte exterior da muralha da cidadela na Av. dos Bombeiros Egitanienses.
Por enquanto, o projecto, que será entregue aos arquitectos João Rafael e Joaquim Carreira, não está totalmente definido. Na prática, segundo o empresário, só ainda foram efectuados alguns contactos com a autarquia, o IPPAR (Instituto Português de Património Arquitectónico) e a sociedade Polis. O objectivo de Jorge Leão, para já, é sondar os diferentes serviços, para posteriormente apresentar os projectos de intervenção. O investimento será dividido em diferentes partes. Assim, a primeira, será na zona mais alta do Centro Histórico – Torreão – onde o empresário pretende recuperar algumas paredes em granito para construir a sua residência. Este espaço está actualmente abandonado e é caracterizado pelo estado de ruína em que se encontram os pavilhões de uma antiga serração e oficinas. O projecto será do arquitecto João Rafael e pretende recuperar uma importante zona para habitação e criar um espaço de qualidade aproveitando a magnífica panorâmica sobre parte da cidade. Nesta zona, Leão indica que não quer ter «um centímetro quadrado de betão. Há-de ser tudo com granito, madeira, aço, inox, zinco e cobre», revela. Aqui se localiza a mais antiga cidadela da cidade.
A segunda parte do investimento será no Passo do Biu. Um conjunto de quatro casas (o lado este do largo) cuja requalificação será feita de acordo com um projecto de arquitectura de Joaquim Carreira. Esta intervenção visa a criação de lojas comerciais e habitação de qualidade entre o largo e a muralha. A intervenção «vai manter a sua fachada», enquanto que o conjunto de casas e de alguns barracões vão ser requalificados com «materiais novos». Nem o facto de várias casas do conjunto comprado continuarem a ser habitadas abala o optimismo de Jorge Leão, já que os inquilinos se encontram a pagar uma renda irrisória que será devidamente actualizada depois das obras de restauro. Realçando que é «impossível», por agora, avançar com o valor do investimento global, o empresário garante que os seus objectivos para aquela zona não passam pela venda das casas recuperadas, mas sim pelo «arrendamento» das zonas de habitação e de serviços. Já na Avenida dos Bombeiros, o espaço hoje ocupado com hortas será todo transformado mantendo a relação da Avenida com a muralha, ao mesmo tempo que se dignifica com actividade comercial em lojas a construir em vidro e aço. Pretende-se, assim, trazer animação à rua numa relação constante com o Centro Histórico. O empresário pretende avançar com esta intervenção o mais rapidamente possível, o que, numa zona onde os projectos de recuperação têm sido quase sempre muito lentos, poderá servir de referência para outras intervenções.