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Emigrantes engrossam cadernos eleitorais no distrito da Guarda

Sabugal e Aguiar da Beira são os concelhos que registam maior aumento do número de eleitores, com os autarcas a preverem grandes taxas de abstenção

O número de eleitores no distrito da Guarda disparou com as alterações à lei do recenseamento – à semelhança do que aconteceu, de resto, em todo o país – estando contabilizados perto de mais 16 mil do que em Dezembro de 2007. De entre os 14 concelhos do distrito, o do Sabugal foi o que registou o maior aumento percentual. São mais 16 por cento de eleitores, seguindo-se o de Aguiar da Beira, com quase 15 por cento. Os dados estão desfasados da realidade, dizem os autarcas ouvidos por O INTERIOR, que apontam a população emigrante como o principal factor para este aumento.

De acordo com o novo mapa de recenseamento – publicado no passado mês de Março, com dados actualizados até Dezembro de 2008 –, o distrito da Guarda contabiliza 182.066 eleitores, enquanto que em igual período do ano anterior o número situava-se nos 166.129, registando-se um acréscimo na ordem dos 10 por cento. No caso do Sabugal, o novo mapa aponta para a existência de 17.105, mais 2.381 do que em 2007. «A única justificação que encontro para esta subida está nos emigrantes, que estão ainda muito ligados às terras do concelho, que têm identificação portuguesa e que, obviamente, não virão votar porque as eleições serão depois do Verão», analisa o vereador António Robalo, da Câmara do Sabugal. De acordo com os números do autarca, só neste concelho existem cerca de 30 mil pessoas emigradas e que todos os anos regressam para as férias anuais no Verão. E há ainda aqueles que não vêm anualmente ao Sabugal, refere o social-democrata, para depois notar que «a população residente corresponde a metade dos emigrantes». Segundo os Censos de 2001, o concelho tem perto de 14.800 habitantes.

A convicção de António Robalo é a de que alguns emigrantes terão aproveitado a última vinda a Portugal para actualizar os documentos de identificação, pelo que ficaram automaticamente recenseados, tal como prevêem as alterações introduzidas no ano passado ao recenseamento eleitoral. Tais mudanças, recorde-se, incidem na inscrição nos cadernos eleitorais de forma automática, nomeadamente de jovens com 17 anos, de detentores de Bilhetes de Identidade válidos que nunca se tinham inscrito e de portadores de cartão de cidadão, que passaram a estar recenseados na morada indicada neste documento.

Governadora Civil acredita em aumento de população

Perante tal cenário, o vereador antevê que os níveis de abstenção «vão obrigatoriamente aumentar nos próximos actos eleitorais» e frisa que, «na realidade, não vão aparecer esses 2.000 eleitores para votar». As previsões quanto à abstenção são partilhadas pelo presidente do município de Aguiar da Beira, o também social-democrata Fernando Andrade, que, sem arriscar números em relação aos emigrantes existentes no concelho, aponta este factor como principal causa para o acréscimo de eleitores. Em Aguiar da Beira estavam inscritos 6.084 em 2007. No actual mapa de recenseamento aparecem 6.972, mais 888 inscritos. O que os últimos censos dizem é que o concelho tem uma população residente a rondar os 6.200. «Se até aqui a preocupação estava na limpeza dos cadernos eleitorais, agora vamos piorar o problema», critica Fernando Andrade, para quem a população residente não deve ter aumentado muito mais. «Temos alguns imigrantes que escolheram Aguiar da Beira para morar, poucos, e alguns casos de jovens que vão agora votar pela primeira vez», exemplifica.

«A grande fatia deste aumento estará mesmo relacionada com a emigração, visto que este é um concelho com muita população no estrangeiro», acrescenta. Já a Governadora Civil da Guarda faz uma leitura diferente dos números. Na óptica de Maria do Carmo Borges, o aumento de quase 16 mil eleitores no distrito deve-se «um pouco à legislação nova», mas «indicará também que a população residente está a aumentar». A Governadora Civil entende que os próximos censos vão demonstrar isso mesmo, ultrapassando assim o número de habitantes que se registava há oito anos, que é de 179.961. «Acredito que a Guarda está cada vez mais atractiva e que, por isso, está a conseguir fixar população», acrescenta.

O distrito da Guarda ganhou perto de mais 16 mil eleitores

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