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Email trama António Saraiva

Presidente da Federação da Guarda do PS pede ao ministro da Saúde para nomear um elemento de confiança dos socialistas para a nova administração da ULS

«O ministro da Saúde é soberano na escolha do próximo Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda», garante António Saraiva, no rescaldo a polémica causada pelo email enviado ao ministro da Saúde. Na sexta-feira, o presidente da Federação do PS escreveu a Adalberto Campos Fernandes ameaçando retirar-lhe «a confiança política» se este não nomear um elemento da confiança dos socialistas guardenses.

Em causa está a nova administração hospitalar. Há algumas semanas o ministro convidou Isabel Coelho para presidir à ULS guardense e deu-lhe carta branca para formar a sua equipa. Após algumas negas, a médica, atual diretora do Unidade de Saúde Familiar “A Ribeirinha” e antiga responsável da Sub-Região de Saúde da Guarda, convidou a dermatologista Fátima Cabral para a direção clínica – que pediu tempo e algumas condições para decidir –, mas o nome não caiu bem junto de alguns dirigentes e autarcas do PS local. Tudo porque a médica do Hospital Sousa Martins tinha ocupado o cargo entre 2011 e 2012 no curto mandato da social-democrata Ana Manso. O sino tocou a rebate entre os socialistas e após ser confrontado por autarcas e dirigentes, António Saraiva lavrou o protesto num email remetido também à secretária-geral-adjunta do PS, Ana Catarina Santos, e a Luís Patrão, secretário nacional para a administração no partido.

No documento, a que O INTERIOR teve acesso, o dirigente lamenta que o próximo CA não integre «um único elemento da plena confiança das nossas estruturas locais e concelhias» e considerava que se tal se confirmar o PS sairá «desacreditado» em termos distritais. António Saraiva avisava ainda que a Federação poderá «demonstrar publicamente a não confiança política aos responsáveis por esta decisão e à equipa» que for nomeada. E acrescentava que alguns membros dos órgãos distritais do partido poderiam «desvincular-se» e que alguns candidatos autárquicos também poderiam desistir. Na “corrida” ao lugar de vogal do CA estão António Carlos Santos, antigo presidente da Associação de Dadores de Sangue e da delegação local do Inatel; Nuno Laginhas ou mesmo Vítor Santos, ex-vereador da Câmara da Guarda. Na terça-feira, o líder federativo confirmou a O INTERIOR ter escrito a Adalberto Campos Fernandes, mas «só para fazer alguns alertas, não foram ameaças,» relativamente ao processo de formação do novo CA da ULS. «Foi um alerta perante rumores e boatos sobre nomes que alegadamente integrariam o Conselho de Administração e algumas reações da sociedade civil e do corpo clínico do hospital», sublinha.

De resto, o presidente socialista diz que a escolha de Isabel Coelho não merece reparo: «É o nome indicado pelo PS, que teve sempre a nossa confiança e continua a ter neste momento», afirma. António Saraiva queixa-se ainda que o teor do email foi «invertido» para fazer «aproveitamento político, nomeadamente por parte de alguns órgãos de comunicação social, talvez até de gente de dentro do meu partido». Ao que O INTERIOR apurou, o ministro da Saúde desvalorizou a pressão e recusa nomear gestores «com base na lógica do aparelho e da pertença partidária».

PSD acusa PS de «tentativa de assalto» à ULS

A polémica já mereceu uma reação da Distrital do PSD, que, em comunicado, manifesta o seu «mais veemente repúdio pela despudorada tentativa de assalto» do PS distrital ao CA da ULS.

«Nunca, em momento algum, se viu um ensaio tão desavergonhado de apropriação de lugares e órgãos do aparelho do Estado por parte de um partido político. A operação que o PS desencadeou, e que hoje, para infelicidade e desonra do nosso distrito, foi notícia em todo o país, é de uma gravidade a toda a prova», sustenta a estrutura presidida por Carlos Peixoto. Para o PSD da Guarda, o PS comporta-se «como uma agência de emprego para os seus dirigentes, ao invés de se preocupar em apresentar propostas e soluções para os problemas com que se debate o distrito».

Luis Martins «Não foi uma ameaça, mas só um alerta relativamente ao processo de formação do novo CA da ULS», afirma António Saraiva

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