Vive «completamente isolado», cria cabras e «está rodeado de uma aura de inacessível e quase anti-social». O brasileiro Elomar é o grande destaque da programação do Teatro Municipal da Guarda (TMG) para os próximos quatro meses. Rui Veloso, Tiago Bettencourt, a Orquestra Nacional do Porto, uma grande exposição de Maria Lino e um espectáculo comemorativo do Dia da Cidade são outros dos momentos marcantes agendados de Setembro a Dezembro.
Para este período estão programadas 66 actividades, entre festivais de teatro e de música, exposições, espectáculos musicais, de circo e de dança, além da apresentação de artistas e companhias de diferentes nacionalidades. Haverá ainda três estreias absolutas. Em Setembro realiza-se o Festival de Teatro da Guarda “Acto Seguinte”, que se prolongará até Outubro, com várias companhias nacionais e uma internacional de «grande plano», revela Américo Rodrigues. A 27 de Setembro Elomar subirá ao palco do grande auditório num dos momentos altos destes quatro meses, considera o director do TMG. «É um acontecimento trazê-lo a Portugal. É uma personagem genial no Brasil, Alemanha e Holanda, mas infelizmente no nosso país não passa de um desconhecido», lamenta. Criador de cabras e escritor de romances de cavalaria, Elomar vive no Sertão brasileiro «completamente isolado», sendo considerado um «grande criador, até porque está rodeado de uma aura de inacessível e quase anti-social», refere Américo Rodrigues.
Tanto assim, que, para além do cachet, a sua única exigência foi visitar sete castelos em Portugal. Outro «grande acontecimento» desta programação é uma exposição de Maria Lino, «a figura mais interessante e de maior qualidade de toda a região na área das artes plásticas», considerou Américo Rodrigues. A mostra estará patente de 13 de Setembro a 2 de Novembro na galeria de arte. Em Outubro, o TMG volta a receber o Festival Y, fruto de uma parceria com a Quarta Parede – Associação de Artes Performativas da Covilhã. Nesse mês há ainda um concerto de Tiago Bettencourt e dos Mantha, que actuarão dia 25, para dar resposta a «uma franja específica do nosso público». O mês seguinte começa com o Síntese – Ciclo de Música Contemporânea da Guarda, numa das poucas iniciativas do género que existem no país. No dia 6, os Balla, de Armando Teixeira, tocam no café-concerto. A agenda inclui ainda a exposição “Gunter Grass: o artista plástico”, com aguarelas e esculturas do Prémio Nobel da Literatura de 1999.
Já nos dias 21, 22 e 23, o TMG apresenta o espectáculo comemorativo do Dia da Cidade, intitulado “Guarda: Rádio Memória”, numa produção encomendada pela autarquia. Para o evento, co-produzido pelo Trigo Limpo – Teatro Acert, serão convidadas todas as colectividades da Guarda, tal como aconteceu com o “Guarda, Paixão e Utopia”, apresentado em 2006. «A partir de uma emissão da Rádio Altitude, que faz 60 anos, e no qual um locutor vai anunciando diversos acontecimentos», a produção estará em cena três dias, contando com textos de Américo Rodrigues, António Godinho, Hélder Sequeira, Honorato Esteves, Norberto Gonçalves, Osório de Andrade e Rui Isidro. No dia 27, o Dia da Cidade, sobe ao palco a Orquestra Nacional do Porto, «a melhor formação que algum dia se apresentou no TMG», afirmou o director do teatro municipal. Para 6 de Dezembro está agendada uma «inovação» na programação, com «música ligeira, mas de qualidade», por Arlindo de Carvalho, autor da célebre “Trova da Guarda”. Dia 13 é a vez do “pai do rock português” dar um concerto acústico com a sua banda. Com mais de 25 anos de carreira, Rui Veloso «deve esgotar os bilhetes muito rapidamente», vaticina Américo Rodrigues.
Ricardo Cordeiro
