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Editorial

1NO contexto das comemorações do 144º aniversário da elevação da Covilhã a cidade, o antigo primeiro-ministro José Sócrates regressou àquela que foi a sua terra adotiva para ser devidamente homenageado. A entrega das “Chaves da Cidade” a um seu ilustre residente é o corolário natural e justificado para com alguém que, independentemente da perspetiva política, opinião ou interpretação sobre o seu desempenho, teve um trajeto tão relevante. Muito para além do governante, do líder do Partido Socialista, do dirigente político ou do “animal feroz”, ao cidadão José Sócrates foi outorgada a medalha de ouro de mérito municipal porque, de facto, ele foi reconhecidamente a grande personalidade da Covilhã neste século, e foi, como destacou Vítor Pereira, um governante empenhado no desenvolvimento da região, no desencravar a Beira Interior da letargia a que há muito fora votada.

2A PT foi a menina dos olhos do país. Era não apenas a maior empresa portuguesa, como também uma alavanca de desenvolvimento, graças nomeadamente ao centro de I&D. A sua expansão internacional foi motivo de orgulho e, assumidamente, era a marca portuguesa de maior dimensão e notoriedade internacional com inegável sucesso num mundo globalizado e altamente competitivo. A ambição desmedida dos seus principais dirigentes, Bava e Granadeiro, e a queda do seu acionista de referência (o BES), associada à falta de estratégia de longo prazo e a uma enorme irresponsabilidade na gestão ditaram o fim do sonho de Portugal ter uma multinacional e determinaram a destruição da PT. Para a história ficam a aquisição falhada pela Sonae e a imprevidência com que Vítor Gaspar (num fatídico 4 de agosto de 2011, já com a “Troika” a ditar a sua lei) eliminou a “golden share” que consagrava direitos de veto ao Estado e que poderia ter evitado um epílogo suicidário na PT. Mas não foi apenas na PT, foi também na EDP e na GALP. E foi também com este governo que se venderam a ANA, os CTT… e se vai vendendo tudo o que os estrangeiros queiram comprar. Depois dos anéis irão os dedos.

3O presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi reeleito para mais quatro anos, num ato eleitoral em que foi candidato único. Num tempo de extraordinárias dificuldades, em todos os setores da sociedade, mas de forma particular na sustentabilidade e captação de alunos (e recursos) para o ensino superior no interior, Constatino Rei vai ter muitas dificuldades em fazer singrar o seu projeto, mas do seu sucesso depende muito do que se irá passar na cidade da Guarda nos próximos anos: o IPG é uma trave mestra na sociedade e se cair arrastará consigo a cidade. O resultado eleitoral confere uma dupla vitória ao presidente do IPG, para lá da sua reeleição, a débil oposição interna foi aniquilada. Aliás, a “ameaça” de regresso de Jorge Mendes (na vã esperança de uma vaga de fundo que o apoiasse) levou alguns dos que não votaram na eleição anterior a ir às urnas desta vez para referendar Constatino Rei e afastar qualquer pretensão de regresso ao passado. Boas notícias para o futuro próximo do IPG.

Luis Baptista-Martins

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