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Eleições autárquicas

Crónica Política

As eleições autárquicas estão aí de novo. Elas não são apenas uma formalidade constitucional, assegurando o direito inalienável de todo o cidadão português e agora também dos cidadãos dos países da EU a nelas participar, como eleitor e como candidato.

São muito mais importantes e cada vez mais decisivas para o nosso futuro coletivo.

A recessão demográfica, o envelhecimento da população, a falta de dinâmicas económicas, a fuga dos jovens e o défice de empreendedorismo, existentes na região, não são apenas consequência das políticas nacionais.

É certo que o Estado, como primeiro ordenador do território, é o principal responsável pelo agravamento das assimetrias regionais de desenvolvimento e a culpa, já o escrevi neste jornal, vai direta para a incapacidade da direita e da esquerda de estabelecerem um entendimento nacional acerca de um programa de reordenamento do território, a longo prazo, assegurando um maior equilíbrio de rendimentos e de vantagens.

As autarquias locais são, assim, também, responsáveis pelo desenvolvimento económico e social dos seus territórios, que exigem abordagens estratégicas coerentes e inovadoras, mas também entendimentos e concertação de políticas e de ação no quadro regional.

O quadro normativo que hoje regula o funcionamento dos municípios em Portugal é, porém, cada vez mais difícil e complexo, exigindo aos autarcas competências e especialização diversas, o que devia tornar mais exigente e criterioso o processo de seleção e escolha.

Um olhar pelo território bastaria para enfatizar as experiências bem sucedidas que, a título meramente indicativo, se pode fazer da ação dos municípios de Fundão e da Guarda, sem esquecer outras iniciativas também meritórias, que me dispenso de enunciar.

Tudo isto para evidenciar a importância de ter candidaturas competentes, um critério mais assertivo do que ter apenas candidaturas potencialmente ganhadoras. É esta uma obrigação primeira das forças políticas tradicionais, mas também dos movimentos de cidadãos. E quando os cidadãos não se revêm no quadro político que se lhes apresenta não perdem, nem ficam diminuídos, nas suas opções como povo eleitor. Podem e devem encontrar formas de evidenciar o seu desconforto e a sua desconfiança no futuro!

Por: Júlio Sarmento

* Antigo presidente da Câmara de Trancoso e ex-líder da Distrital da Guarda do PSD

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