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Elas estão aí…

Hic et Nunc

A mais de meio ano de distância e num ambiente de fusão e agregação de freguesias, as autárquicas já mexem. Já mexem e de que maneira. Não há concelho onde as movimentações não sejam mais que evidentes e os atores se perfilem para encarnarem o papel de protagonistas, alguns, verdadeiros bailarinos, colocados em bicos de pés. Assim, é tempo de olharmos, discretamente, para o panorama no nosso distrito e verificarmos o que efetivamente se está a passar e, sem mais demora, comecemos esta ronda que se nos afigura deveras interessante.

Em Aguiar da Beira, com a saída de Fernando Andrade, surgem dois nomes para a sua substituição, José Alberto Tavares e Fernando Pires. Um deles irá ter pela frente o socialista António Lacerda, mesmo havendo movimentações dos autarcas Joaquim Bonifácio e Francisco Fernandes, respetivamente presidentes de Junta de Aguiar e Dornelas, que podem vir a fomentar uma lista independente. O CDS irá também ter candidato e Emília Bento parece estar disponível. Com este provável cenário, Aguiar da Beira tem condições para continuar em mãos alaranjadas.

Em Almeida, Batista Ribeiro está como peixinho dentro de água. O PS não tem candidato e, ao que parece, ninguém está disponível, A ser assim, resta a António Frias, presidente da concelhia rosa assumir responsabilidades. A Câmara almeidense continuará em mãos do PSD.

Celorico da Beira, o presidente José Monteiro é novamente candidato tendo pela frente Manuel Aleixo ou Manuel Portugal. Aqui terá de se ter em conta os nomes que vão integrar as listas, permitindo dizer que existe para o PS a pequena vantagem que o poder dá.

Em Figueira de Castelo Rodrigo, tudo indica que também não vai haver história. Paulo Langrouva irá tentar roubar a cadeira maior a António Edmundo, numa missão que parece mais que impossível. Câmara segura para o PSD.

Já Fornos de Algodres pode ter história para contar. É, sem dúvida, uma aposta do PS. Com José Miranda fora, o PSD tem em cima da mesa os nomes de Artur Oliveira, José Fernando e António Oliveira, enquanto o PS tem seguro o nome de Manuel Fonseca. Com a vila a votar tradicionalmente nos da rosa, o PS vê, pela primeira vez, a oportunidade de atacar em força.

Gouveia é, indiscutivelmente, outra aposta do PS. Com a saída de Álvaro Amaro, o laranjal tem os nomes de Luís Tadeu, Joaquim Lourenço e, em último caso, o de Carlos Peixoto. O PS fará a sua escolha entre Armando Almeida e João Amaro, tendo este último ganho uma sondagem realizada já este ano entre eleitores do concelho. A “cidade-jardim” pode muito bem regressar a mãos socialistas.

Em Manteigas, ao que parece a história é feita de pequenas histórias e quase não tem história. Esmeraldo Carvalhinho terá pela frente José Manuel Biscaia, em mais um capítulo da político-novela com oito anos de existência e onde meia dúzia de votos podem fazer toda a diferença. Mesmo assim Carvalhinho tem vantagem.

Na Mêda, com Armando Carneiro fora de qualquer baralho, resta a Mário Murça provar que consegue manter a autarquia em mãos socialistas. O nome do social-democrata Aurélio Saldanha é o mais provável no campo adversário, no entanto, existem alguns defensores de Ana Abrunhosa. Contudo, “o totobola” indica-nos aqui uma dupla: pode cair para um lado ou para o outro. Daí o PSD tentar fazer grande aposta.

Em Pinhel também há dois novos protagonistas, Com o Ruas na rua, Rui Ventura (PSD) terá pela frente José Vital Tomé. Embora o PS tivesse reforçado a sua estrutura, tudo indica que na “cidade falcão” os laranjinhas continuarão de pedra e cal.

No Sabugal, o presidente José Robalo vai defrontar-se com António Vaz. Resta apenas saber para onde irão os votos do MPT. Mais uma aposta PS. É que Robalo leva a vantagem que o poder dá.

Em Seia, o edil senense Filipe Camelo vai novamente a votos e terá pela frente Albano Figueiredo, do PSD. Se não houver qualquer pedra na engrenagem (lista de independentes ou coisa no género), Camelo volta a sentar-se na cadeira maior da autarquia de Seia.

Trancoso é a grande aposta do PS. Com Júlio Sarmento fora da corrida, resta a João Rodrigues provar que é capaz de manter a Câmara em mãos social-democratas. Amílcar Salvador, que esteve quase sempre perto da vitória, vai novamente acreditar e a cidade de Bandarra poderá mudar de mãos.

Vila Nova de Foz Côa vai ter dois pesos-pesados. Gustavo Duarte a tentar manter o poder laranja. Fernando Girão a tentar que a Câmara regresse a mãos socialistas. Neste confronto de titãs – e embora com algumas criticas e desgaste de Gustavo Duarte –, Girão tem missão difícil. Ao olharmos para os pratos da balança, ligeira vantagem para o atual presidente da Câmara.

Nesta ronda, concelho a concelho, deixámos propositadamente para o final desta crónica a análise à capital de distrito. Com o candidato socialista atempadamente definido, o PS tenta agora sarar as feridas provocadas por uma divisão de 50 por cento, numa doença que só apareceu passados 36 anos. Oportunidade soberana do PSD fazer a aposta decisiva e ficar com o pássaro na mão. E tiveram-no. Mas – no PSD/Guarda há sempre um mas –, o passarinho esteve seguro, apenas por dias, e, como diz a canção, bateu asas e voou. A história conta-se assim:

Manuel Rodrigues foi apresentado pela concelhia como o melhor candidato à Câmara da Guarda (recusada que foi a proposta de uma eventual coligação de direita encabeçada por Jorge Fonseca) e começou a receber contestação de um sector dirigido por João Prata, tendo este episódio sido discutido por Júlio Sarmento na presença de Moreira da Silva e José Matos Rosa, respetivamente vice-presidente e secretário-geral do PSD, estando ainda presentes João Prata e Carlos Peixoto. Aí, Rodrigues deu um prazo para o assunto se resolver. O facto é que o prazo expirou e o ainda militante e presidente da concelhia cumpriu a palavra e mostrou-se publicamente indisponível. A partir de agora resta a João Prata assumir a candidatura à Câmara da capital de distrito, a menos que com a sua fidelidade a Álvaro Amaro exista um efetivo jogo de gato escondido com rabo de fora. Para ilustrar isto basta dar uma vista de olhos nas últimas edições do “Noticias de Gouveia” para perceber como Amaro poderá concorrer como “grande ganhador” à maior autarquia do distrito, numa de um quase ídolo com pés de barro, dando facilmente a entender a colocação da ponta dos pés.

Resta apenas dizer que se nem Prata nem Amaro assumirem, o menino fica nos braços do inábil presidente da Comissão Política Distrital (primeiro foi a nomeação do Conselho de Administração da ULS e agora esta) assumir responsabilidades e avançar com a candidatura e aquilo que, à partida, estava muito difícil para José Igreja, o PSD deu, como sempre fez, uma mãozinha e nem mesmo a tábua de salvação que seria a reconsideração de Manuel Rodrigues tornaria agora as coisas melhores. De candidato forte passaria a candidato extremamente fragilizado. Alguém neste PSD deve assumir responsabilidades. Em política o que parece, é.

Quem esfrega as mãos de contente é José Albano Marques. Depois de consolidar a liderança distrital, arrumar processos e críticos, pode manter todas as câmaras do PS e adicionar mais duas ou três, olhando o PS, todo ele, para estes jogos de poder, de alecrim e manjerona, onde se adiciona a providencial ajuda deste desajeitado e aparvalhado (des)governo ao seu próprio partido, ao PSD. A coisa, tal como está, tenho a certeza, que para os lados do laranjal pouca coisa ou mesmo nada lhes irá correr de feição…

Por: Albino Bárbara

Comentários dos nossos leitores
josé Sousa jasousa@sapo.pt
Comentário:
Em Foz Côa, dúvidas quanto ao vencedor, nenhumas. (…) Gustavo Duarte só pode ter um fim, o afastamento da Câmara.
 

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