“Da minha aldeia não se via o mar”.
Eduardo Lourenço, in Tempos de Eduardo Lourenço-Fotobiografia, pág.9.
A Fotobiografia de Eduardo Lourenço, recentemente editada, de Maria Manuela Cruzeiro e Maria Manuel Baptista, vislumbra um dos trabalhos há muito esperados, espelhando a vida de um dos pensadores mais fascinantes de todos os tempos na esfera portuguesa.
Eduardo Lourenço, o douto nato, o pensador, o psicólogo das letras, o filósofo da cultura, o “tradutor” de sentimentos criacionistas. O que era menos claro, assoma-se neste trabalho mais nítido, porque nele vemos o percurso de um homem verdadeiramente raro.
A sua Fotobiografia permanece nas prateleiras das livrarias deste País, onde, na capa, se nos afigura um pensador que ousa entender os grandes génios de sempre, portugueses e estrangeiros, como Antero de Quental, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Jorge de Sena, Martin Heidegger, Marcel Proust, Walt Whitman, entre outros, muitos outros e que, por isso, fez da sua vida uma senda de silêncio e atenção para que a sentíssemos em profundidade.
Natural de S. Pedro do Rio Seco, terra de sua nostalgia e carinho imperdido, faz da criança que brincava com os seus habitantes humildes num escorrega de pedra, o professor, ensaísta, filósofo e um escritor ímpar, orientador de muitos intelectuais e escritores portugueses, sobretudo nos últimos 40 anos, incluindo o próprio Nobel, José Saramago.
Representa na esfera do século XX , entre outros, como António Sérgio e Agostinho da Silva, um dos maiores e mais fascinantes pensadores do seu País de todos os tempos. É um homem com uma inteligência inequívoca. A maneira como encadeia matérias e reinterpreta sentimentos dos grandes génios literários e filosóficos faz-nos ter “paixão” pelo pensamento humano.
Não passou ainda o seu tempo, nem passará, pois, para os seus seguidores, foi mais uma “graça” da sua obra, por ter colaborado neste trabalho que, há muito esperado, apresenta-o com uma história, uma família, com os seus percursos (uns bons, outros maus), mas que lhe reconhecem (os seguidores) a essência como génio, embora subjaza uma humildade que o torna diferente da esfera intelectual, porque revela, na minha opinião, a essência do verdadeiro filósofo – saber que nada se sabe -, mas, porque é discreto, dribla a aparência que lhe está expressa na sua consciência( a tentativa de descobrir-se todos os dias e de se dar a conhecer na sua complexa personalidade). Adora viver e descobrir o que ainda não sabe, daí ser uma referência para tudo e para todos, pois representa a coerência em pessoa, o caminho da reflexão, o trabalho de uma vida.
Por: Joaquim Forte *
Camadegato@potugalmail.pt
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* Professor do 1º Ciclo, 25 anos, natural da Guarda, inicia nesta edição colaboração com “O Interior”