Eduardo Lourenço recebeu segunda-feira, em Lisboa, o Prémio Pessoa 2011, numa cerimónia que assinalou os 25 anos do galardão criado pelo semanário “Expresso”.
«Quero lembrar aqui a dívida que tenho para com aqueles que estão na origem da iluminação da descoberta da galáxia de extensão infinita de Fernando Pessoa», começou por dizer o ensaísta no seu discurso. E citou o poeta e crítico Adolfo Casais Monteiro – «quem mais contribuiu para a criação do mito Fernando Pessoa», considerou –, mas também o escritor António Tabucchi, recentemente falecido, e Agustina Bessa-Luís, «que que jaz no seu leito de dor sem memória». Na cerimónia, o ensaísta também comparou a obra poética de Pessoa à de Jorge Luís Borges e referiu-se aos heterónimos de Pessoa como «celestes e imortais criaturas que não são mais do que sonhos diversos, maneiras diferentes de que é possível encontrar um sentido para a nossa existência».
Antes do galardoado, Francisco Pinto Balsemão, fundador do “Expresso” e presidente da Impresa, afirmou que Portugal precisa «mais do que nunca da sua [de Eduardo Lourenço] inteligência e do seu envolvimento para sairmos do pesadelo e voltarmos ao sonho». Com 88 anos, o pensador natural de São Pedro de Rio Seco (Almeida) é um dos mais importantes ensaístas e filósofos portugueses. No ano passado, a Fundação Calouste Gulbenkian, de que é administrador não executivo, iniciou a publicação das suas obras completas, com a nova edição de “Heterodoxias”, projeto desenvolvido com a Universidade de Évora.