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Editorial

Uma cidade sem coração morre, e para que tal não aconteça é necessário regenerar os Centros Urbanos e mais especificamente os Centros Históricos das cidades.

Para além de áreas urbanas sensíveis são factores diferenciadores e identitários da sociedade global que caracteriza os nossos tempos.

Em virtude de o crescimento recente e actual dos núcleos urbanos sofrer de uma globalização que é quase generalizada a toda a sociedade contemporânea, os Centros Históricos constituem algo que torna as cidades diferentes umas das outras e congregam em si os elementos e os valores que fazem apelo à memória das populações.

Recentemente, o Centro Histórico da Guarda foi alvo de uma atenção cuidada pelo Programa Polis com as intervenções aí levadas a efeito e, posteriormente, pela actividade desenvolvida pela APGUR – Agência para a Promoção da Guarda que tem por grande objectivo a promoção, divulgação e animação do Centro Histórico.

Neste momento, assistimos também ao início da requalificação das restantes artérias localizadas no espaço intra-muralhas e que é da responsabilidade da autarquia.

Com a conclusão desta intervenção, o espaço público do Centro Histórico ficará integralmente requalificado sendo tempo de dar mais um passo para a plena regeneração da zona urbana em questão. Nesse sentido, a Câmara Municipal tem aprovada uma candidatura ao Programa PROVERE em parceria com outras autarquias e desenvolve igualmente uma candidatura às Redes Urbanas para a Competitividade e a Inovação. Relativamente à primeira acção, tem por base a Rede de Judiarias, a qual tem total e plena aplicação no nosso Centro Histórico. No tocante à segunda candidatura e sem que se encontre encerrada, tudo indica que o Centro Histórico será também uma área privilegiada de intervenção.

Todavia, as referidas as candidaturas só serão plenamente efectivadas se houver uma total apreensão pelo público em geral, pelos habitantes e actores económicos sediados na zona. Para tal, haverá necessidade de se implementarem acções que incorporem a sua população, por forma a que a mesma se reveja no Centro Histórico e se crie uma consciência colectiva, como principal vector de sucesso das iniciativas desenvolvidas, da manutenção de espaços de qualidade e o devido acolhimento aos visitantes, sendo estes últimos um valioso mecanismo de promoção externa.

Foi este confluir de interesses, investimentos e vontades que faltou nas últimas décadas do século passado ao coração da Guarda de modo a que este transmitisse dinamismo e energia.

Falta no entanto a intervenção ao nível dos imóveis que terá de ser feita pelos privados através de programas específicos, sendo fundamental para o nosso Centro Histórico e para todos os outros que o Poder Central veja a oportunidade de aí implantar serviços desconcentrados dispersos por espaços que muitas vezes deveriam ser destinados a habitação.

Com mais este passo determinante poderíamos afirmar que haveria sim vontade efectiva de dar nova vida aos nossos velhos centros.

António Saraiva, Gestor Urbano

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