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É urgente uma estratégia para trazer pessoas para o interior

Fio de Prumo

Vamos diretos ao assunto. Os problemas do interior – dos fogos aos empregos, passando pelo turismo e pela sustentabilidade das suas universidades e politécnicos – só se resolvem se houver mais população. Sem pessoas, sem um saldo demográfico positivo, o interior não tem salvação.

Dito isto, que é uma coisa óbvia, quais são os passos seguintes? A primeira coisa a fazer é construir uma estratégia para resolver o problema: uma estratégia sólida, uma coisa bem pensada e bem feita. Se for para fazer uma coisa desgarrada, como ir buscar uma dúzia de famílias ao Brasil ou a países em guerra (como tentaram fazer municípios como Vila de Rei ou Penela, por exemplo), algo que mistura boas intenções com amadorismo, já sabemos que não resultam.

O que se pode fazer então? Começando pelo princípio, só se aumenta a população de duas formas: ou pelos nascimentos, ou pela imigração. Logo, é necessário ter uma estratégia sólida, pelo menos à escala regional da Beira Interior (distritos da Guarda e de Castelo Branco) de promoção efetiva da natalidade. O problema é que construir esta estratégia, pô-la em prática e obter resultados é trabalho para, no mínimo, uma geração, ou seja, 25-30 anos.

Não podemos esperar tanto tempo. Logo é necessário, ao mesmo tempo, lançar uma estratégia para atrair uma quantidade significativa de pessoas para viver no interior dentro de pouco tempo. Algo que comece a produzir resultados nos próximos dois, três, quatro anos.

Qualquer uma das estratégias tem de ser construída, em consenso, pelos principais atores públicos e privados da Beira Interior: movimentos de cidadãos, institutos politécnicos, universidade, municípios, associações empresariais, Igreja, grupos económicos, associações de emigrantes, órgãos desconcentrados do Estado, políticos, intelectuais, artistas, urbanistas, ambientalistas, etc. Todos são bem-vindos. E há uma condição que cada um tem de impor a si próprio: esquecer bairrismos, rivalidades, coisas dessas.

A primeira coisa a fazer, portanto, é organizar uma conferência inicial em que cada entidade ou indivíduo diga qual é, na sua opinião, a melhor forma – de uma forma sustentada e sustentável – de atrair investimento e população ativa para os distritos da Guarda e Castelo Branco. Quando todos falarem, surgirão naturalmente as primeiras lideranças e ficará claro por que lado, ou lados, se há-de começar.

Para concluir, um exemplo: a Universidade do Porto vai promover o regresso dos seus diplomados aos concelhos de origem quando terminarem os estudos (https://www.publico.pt/2018/03/24/sociedade/noticia/universidade-do-porto-quer-ajudar-estudantes-a-voltar-a-terra-1807819). A intenção é ajudar a combater a desertificação do interior e, por isso, foram assinados protocolos de cooperação com 57 municípios de todo o país. São iniciativas destas que irão trazer pessoas para o interior. Têm de se multiplicar e de ter sustentabilidade. Vamos a isso!

Por: Acácio Pereira

* Dirigente sindical

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