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«É urgente resolver a situação do novo quartel»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quais as suas prioridades no comando da GNR da Guarda?

R – Ando na fase de levantamento de alguns processos que considero prioritários e que se prendem essencialmente com a avaliação do distrito em termos de criminalidade e de conflitualidade. Mas há outras situações que têm que nos merecer também algum cuidado, como as instalações, o pessoal, o material e equipamento.

P – Quais os principais tipos de crime a combater pela GNR da Guarda?

R – Felizmente que temos um distrito calmo e, em termos de delinquência, sem crimes de gravidade excepcional. A excepção são alguns crimes contra o património, especialmente os praticados contra as pessoas. Temos depois alguns problemas inerentes à própria morfologia e características do distrito, como sejam a área florestal e a zona de fronteira.

P – Em termos de efectivos, o número de guardas é o ideal?

R – Dificilmente temos aquilo que, efectivamente, queríamos. Mas, neste momento, os nossos elementos permitem-nos dar cumprimento às necessidades normais e razoáveis em termos de serviço. Temos investido na formação interna, tentando melhorar qualitativamente o trabalho que vem sendo desempenhado e com isso ter alguns ganhos de eficiência e eficácia no próprio serviço. Por outro lado, estamos a tentar construir, paralela e paulatinamente, sistemas e processos internos, alguns deles recorrendo a meios informáticos, que nos permitam reduzir a intervenção humana e libertar pessoal de tarefas administrativas para outras.

P – Falou nas instalações. É desta que a construção do novo quartel da GNR da Guarda vai avançar?

R – Ao colocar a questão dessa forma está quase a pôr a responsabilidade do avanço do novo quartel nas minhas mãos, o que não é bem o caso… No que respeita aos quartéis da GNR, não só da Guarda, mas de alguns imóveis no distrito e pelos quais sofremos um pouco, é uma responsabilidade partilhada. Essa área é da responsabilidade da tutela e não da GNR, mas estou convencido que, através do diálogo e da sensibilização, iremos tentar resolver alguns dos nossos problemas. Existem alguns aquartelamentos que, em termos de funcionalidade e, especialmente, de habitabilidade, estão bastante degradados e, muito sinceramente, já não servem os interesses da população e muito menos de quem lá trabalha. O que acaba por ter reflexos directos na qualidade do serviço que prestamos, mas também nas condições de trabalho que oferecemos e, consequentemente, na motivação dos nossos próprios homens.

P – É esse o caso do quartel da Guarda?

R – O caso da Guarda já vem a arrastar-se há algum tempo. As instalações têm-se deteriorando de uma forma acelerada. A nível interno, temos tentado minimizar as mazelas que o quartel apresenta, mas, na opinião da própria instituição, pensamos que neste momento os investimentos de fundo necessários para dar essas condições de habitabilidade e funcionalidade são de tal forma avultados que não se justificarão em termos de custo/benefício. Na nossa óptica, a solução passaria efectivamente pela construção de um novo aquartelamento, mas compreendemos a morosidade do processo.

P – É, portanto, urgente a construção do novo quartel da Guarda?

R – Considero urgente resolver a situação do quartel, ou com a construção de um novo imóvel ou com uma intervenção de fundo no actual. Mas esta última opção não será muito rentável.

P – É favorável à criação de um comando em Seia?

R – Tenho, por vezes, algumas dúvidas de que a deslocalização ou a mudança de comandos traga efectivamente um valor acrescentado. O comando de um destacamento não traz, em termos operacionais, nenhuma mais-valia à qualidade ou à quantidade do policiamento. Outra questão que não pode ser escamoteada é que o comando de um destacamento territorial, que deve obedecer a uma questão estratégico-territorial, tem a seu cargo um conjunto de postos. No caso concreto de Seia, o destacamento de Gouveia tem à sua responsabilidade os concelhos de Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia e Seia. Para nós, em termos estratégicos, faz pouco sentido deslocalizar um comando para um extremo. Uma situação intermédia permite, a quem tem que se deslocar várias vezes a estes concelhos, estar a meio caminho do distrito. Há um conjunto de factores que têm que ser analisados. Relativamente a Seia, não dou a questão por encerrada. Se ficar evidente que há benefícios na mudança, proporemos essa alteração, agora mudar por mudar não faz sentido.

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