P – O que o levou a aventurar-se na área da escrita?
R – Depois de 30 anos ligado à área da comunicação social, primeiro na rádio e depois na escrita, através do Escape Livre, com crónicas e artigos dirigidos à especialidade, sempre tive vontade de escrever um livro. Essa vontade surge agora sob a forma deste romance chamado “Porta da Baía”.
P – O romance é apenas ficção ou é inspirado em factos reais?
R – É apenas ficção, os factos reais são relatados para inserir a ficção num contexto mais ou menos real, até porque é um romance que atravessa três gerações de uma família que começa no ano da Implantação da República e termina por volta do ano 2000. Há um conteúdo histórico que dá credibilidade, se assim se pode dizer, à ação, mas é um romance de ficção puro e duro do princípio ao fim.
P – Houve algum problema em conciliar a escrita com a sua profissão?
R – Não, eu não sou muito rigoroso e o livro foi feito por gosto. Como quem corre por gosto não cansa, e não havendo uma imposição de horário para escrever, ia escrevendo à medida que me ia apetecendo e quando tinha disponibilidade. Aproveitava, principalmente, as noites, até às 2 ou 3 da manhã.
P – A noite é boa conselheira?
R – Sim, é quando há paz, sossego, tranquilidade e quando estamos sozinhos e podemos escrever. Eu acho que escrever é um ato de solidão ou deve ser para que, pelo menos para mim, as coisas possam fluir com mais facilidade. Se há interrupção, há uma quebra no raciocínio.
P – Foi difícil encontrar uma editora? Quais os custos para si, nessa procura?
R – Não foi muito difícil, embora tenha enviado o manuscrito para bastantes editoras. Obtive duas ou três respostas positivas e entre essas foram feitas negociações, tendo chegado à conclusão que a Chiado Editora seria a ideal para a promoção do livro. Em termos de custos não houve qualquer despesa para mim, a Chiado encarrega-se de tudo, só há o compromisso de assegurar a venda de um mínimo de exemplares nas apresentações que vão ser feitas na Guarda e Lisboa. Serei o intermediário para que isso sirva como rampa de lançamento para depois o livro ser colocado no mercado.
P – Quanto tempo demorou a escrever “Porto da Baía”?
R – O livro começou a ser escrito há mais de 20 anos, quando não havia computadores, e ainda tenho algumas folhas escritas com o prólogo. A história manteve-se, basicamente, a mesma tendo ficado em “banho-maria” durante vários anos. Há cerca de quatro anos resolvi pegar na história, dar-lhe continuidade e, no fundo, foram três anos de investigação e de escrita do romance.
P – Existem planos para, no futuro, continuar nesta área? Se sim, vai continuar nos romances ou noutro tipo de escrita?
R – Já estou com um segundo romance em mãos e tenho mais três ou quatro histórias na cabeça, do princípio ao fim, para poder dar continuidade. Vou manter-me nos romances, por agora, mas gostava de fazer uma compilação de poemas da minha autoria e, se conseguir juntar isso, não está fora dos planos editar um livro de poesia.