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E, se por acaso…

Agora Digo Eu

Na rentrée, o horizonte tem por miragem setembro de 2017. E se Costa permanece de pedra e cal, já Coelho não percebe que está a mais onde as autárquicas do próximo ano podem ditar o seu afastamento, isto é, se entretanto as vozes críticas não continuarem a subir de tom e o trambolhão será obviamente inevitável.

Imaginando, tal qual Lennon, que o mundo perfeito é possível, nada melhor que dar uma vista de olhos por tudo o que poderá acontecer, sendo já visivelmente notórias as movimentações, colocação de muitos em bicos de pés, encostos e distanciamentos, adesão “apparatchik” ao clube, simpatias calculáveis misturadas com falinhas mansas e discursos politicamente alinhados.

E se no distrito é previsível a permanência da mesma cor nos catorze concelhos, exceção feita em Manteigas, onde a rotatividade nem sempre é uma incógnita, verifica-se que a autarquia mais segura é a de Pinhel, ganhando alguma atenção Trancoso e Figueira de Castelo Rodrigo e a não recandidatura dos edis de Almeida e Celorico da Beira ditarão a vitória das mesmas cores nos respetivos concelhos.

Quanto à capital de distrito convém dizer que as festas, romarias, rotundas e afins poderão levar a uma vitória dos mesmos, isto é, se, por acaso, não houver por parte da ténue oposição local a inteligência, a capacidade (pelo andar da carruagem, parece que não) de dar a volta à questão.

Mesmo assim e, se, por acaso, os rosáceos, num verdadeiro golpe de inspiração, dentro de pouco tempo tirarem um coelho da cartola? E, se por acaso, acharem que a aposta é na recriação serôdia da (re)candidatura de um qualquer velhinho ou velhinha do Restelo? E, se por acaso, o laranjal se zanga e diz ao atual que está a mais. E, se por acaso, o edil guardense responde dizendo que equipa que ganha não se lhe mexe e apenas a vereadora centrista é para substituir (ao que parece candidatas dentro e fora da autarquia é coisa que não parece faltar). E, se por acaso, desta vez, a sociedade resolve ganhar dinâmica e consistência para dar um abanão nas consciências (ainda) acomodadas. E, se por acaso, os tigres de papel se desfazem e os ídolos de pés de barro se esboroam. E, se, por acaso…

Neste universo de cálculos, todos eles certos e todos eles perfeitamente falíveis, mandei fazer uma sondagem e, com o ego em alta, percebi que seria o mais votado em Penela, Soure, Coimbra e Salamanca. Olhei-me ao espelho, refleti e verifiquei que, às vezes, “cair em nós” é uma coisa muito bonita e as sondagens são sondagens tão variadas, tão encomendadas e tão ao nosso gosto que afinal, verdade, verdadinha, valem o que valem.

E se por acaso eu fora um homem rico faria como Topol nessa comédia mitzvatiana judaica. Deixaria que a tradição se instalasse e a vida, a nossa vida, passaria a ser tal qual como um violino no telhado. Isto é, se, por acaso, eu percebesse ou alguém percebesse, em definitivo, o que faz por cá ou mesmo por lá um violino no telhado…

Por: Albino Bárbara

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