A União Desportiva de Seia, líder do Distrital da Guarda com nove pontos de vantagem, queixa-se de estar a ser «deliberadamente prejudicada» pelas arbitragens desde que António Fonseca assumiu o comando técnico da equipa. A indignação é tanta que os senenses ameaçam não jogar em todas as competições num destes fins-de-semana caso a situação persista.
O protesto foi anunciado, na segunda-feira, por Joaquim Gomes Ferreira, vice-presidente da UDS, após recordar que tudo começou com as declarações do actual treinador a “O Interior” na sequência do jogo em Vila Cortês do Mondego, a 12 de Fevereiro, arbitrado por José Geraldes. Na altura, António Fonseca, que substituiu Paulo Jorge, afirmou: «Já tinha andado pelo Distrital da Guarda há sete ou oito anos e isto já era mau, mas agora está muito pior. É incrível como num jogo destes, em que uma equipa vai à frente com 11 pontos de avanço e é o principal candidato à subida, apanha um árbitro assim. Com tanto cartão amarelo e vermelho parece que houve uma batalha campal», estranhou. E Joaquim Gomes Ferreira continua: «A partir do momento em que contratámos um novo treinador e este deu uma entrevista a “O Interior”, começando nesse encontro com expulsões que consideramos completamente injustas, o Seia tem vindo a ser prejudicado jogo a jogo, consecutivamente, com nomeações de determinados árbitros», denuncia.
Sem querer falar concretamente numa “perseguição” ao técnico, o dirigente diz que, se existir, ela «será da parte do presidente da Associação de Futebol da Guarda (AFG), porque não creio que mais alguém se tivesse referido a ele», frisa. No entanto, reconhece que alguns árbitros «mais influenciáveis e com menos esperanças de evoluirem no futebol» podem não ter gostado das críticas e estejam agora «a reagir negativamente em relação ao Seia por esse facto», lamenta. Numa simbólica conferência de imprensa às portas do Estádio Municipal da Guarda, onde funciona provisoriamente a AFG, o vice-presidente do Seia quis «denunciar publicamente que, neste momento, sentimos que estamos a ser deliberadamente prejudicados». De resto, o dirigente acrescenta já terem sido solicitadas reuniões com os presidentes da AFG e do Conselho de Arbitragem, não tendo obtido qualquer resposta. «Não conseguimos que nos oiçam», lamenta, afirmando que a UDS «não admite ser prejudicada e que os seus jogadores sejam constantemente castigados».
O problema é que, segundo Joaquim Gomes Ferreira, a situação começou com os seniores mas já estará a atingir algumas camadas jovens. «Se continuarmos a ser prejudicados, poderá haver um fim-de-semana em que todas as equipas do Seia não jogarão», avisa. Confrontado com estas críticas, Andrade Poço, presidente da AFG, disse não ter assistido aos jogos em que o Seia alega ter sido prejudicado, mas sublinhou que tem «plena confiança nos árbitros» do distrito. Em relação ao pedido de reunião, garante que está «sempre disponível» para receber todos os dirigentes desde que para tal seja solicitado. «Se não veio falar comigo a semana passada foi porque não quis», contrapõe. Já Daniel Soares, presidente do Conselho de Arbitragem, remeteu para mais tarde uma tomada de posição.
Ricardo Cordeiro