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E o “novo” hospital da Guarda?

Editorial

1. As semanas de pré-campanha deveriam ter sido ocupadas essencialmente com sugestões e ideias para a construção do futuro das nossas comunidades, coisas muito mais importantes que os nomes e as cores dos protagonistas e futuros dirigentes das nossas autarquias. Mas não foi nada disso que aconteceu. Um pouco por todo lado, pelas mais diversas vicissitudes, discutiu-se pouco mais do que nomes e apoios, aprovação dos nomes pelo Constitucional ou chumbo dos mesmos, territórios ou funções, listas regulares ou irregulares…

Chegou a campanha. É tempo de discutir assuntos do interesse comum. É tempo de obter respostas sobre o futuro da região, dos investimentos que não se enxergam, do trabalho que não existe, do desemprego e precariedade que assustam, do êxodo rural, dos jovens que partem mas não regressam… Agora, que já se sabe quem são os candidatos, devemos escrutinar o que querem fazer e como o querem fazer em tempos de crise. Porque este já não é o tempo das obras faraónicas e das promessas vãs, exigem-se ideias e projetos para desencravar a região do marasmo e ostracismo a que foi votada, mas também tem de haver recato, seriedade e ponderação. A região precisa urgentemente de definir um novo caminho.

2. Na Guarda, pouco se tem falado do “novo” hospital – que, além de ser uma infraestrutura essencial para as populações, é o maior projeto de investimento jamais realizado na Guarda. Os candidatos vão em peregrinação até ao Parque da Saúde para verem “in loco” o “novo” hospital e regressam satisfeitos com o que lhes apresentam: o novo pavilhão (vazio), muita luz (muito vidro), a igreja pintada, um relvado verdejante (num espaçoso logradouro), bom acesso e a garantia de que haverá de abrir… um dia! Era para ser em maio, depois em julho, ficou para setembro e agora está prometido, pelo presidente da ULS, que «será em novembro» ou «em dezembro»! Ou talvez para o ano que vem!! E o incrível é que nenhum candidato se manifeste contra estes adiamentos contínuos e injustificados, quando o edifício está concluído há meses. Porque não abre? Onde está o equipamento? Onde está o mobiliário? Para onde foi o dinheiro que estava destinado a equipar o novo pavilhão? E como é possível que ninguém se manifeste contra a redução qualitativa do equipamento médico a adquirir? Ou será que ninguém conhece os cortes promovidos por Ana Manso para eliminar qualidade nos serviços prestados em nome de melhores resultados líquidos imediatos?

Assim mesmo, no novo pavilhão funciona a farmácia do hospital. Ilegalmente, pois o edifício não foi certificado e não cumpre as regras de segurança. E como o resto do edifício está encerrado, pese embora concluído, a distribuição de fármacos que deveria ser feita por sistema pneumático é feita de carro, por motorista, 24 horas ao serviço, com custos altíssimos, obviamente.

Depois, e mais grave, a Fase II está definitivamente comprometida. Escusando-se na situação de crise em que o país vive, o governo protela e a ULS aguarda decisão da tutela. Mas a verdade é que é uma opção politica e de gestão que conduz à desistência do investimento no hospital da Guarda. Os 48 milhões de euros (mais IVA) contratualizados em 2011 (IIª fase – requalificação dos pavilhões número 1 e número 5, os pavilhões Dª Amélia e D. António de Lencastre, também as vivendas e o edifício do antigo Centro de Saúde, além da requalificação total de tudo o que é parque, estradas e vedações) e com financiamento aprovado no QREN em 85 por cento não serão aproveitados para fazer o hospital prometido e ansiado pelos guardenses. É urgente pedir responsabilidades. Como é possível aceitar que dos 48 milhões de euros consignados para a segunda fase em 2011 tenha sido feita apenas a galeria de ligação entre o novo pavilhão (fase I) e o bloco antigo (cinco milhões)? Porque razão foi decidido não avançar com as restantes obras (43 milhões de euros) previstas no contrato de adjudicação? Quem tomou essa decisão? Ana Manso? O governo? Alguém deveria explicar.

Entretanto, por falta de conclusão e equipamento do novo pavilhão, a Medicina Legal deverá deixar de funcionar na Guarda para passar, definitivamente, para a Covilhã. Mais um serviço que deixará de funcionar na Guarda. Quem tem culpa? Fica toda a cidade calada a assistir a esta falta de responsabilização?

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Carlos Veloso cjocas@gmail.com
Comentário:
Então, só falta investigar quem são os responsáveis, de certeza que se encontram! Porque ninguém faz uma queixa? Algum jornalista está interessado em investigar processo? Estamos habituados…
 

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