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Doze professores fizeram prova de avaliação na Guarda

No distrito estavam inscritos 200 docentes para o exame, que foi anulado em Celorico da Beira devido aos protestos

Apenas 12 professores dos 200 inscritos no distrito da Guarda realizaram a prova de avaliação na passada quarta-feira. Protestos, empurrões, palavras de ordem, lágrimas e insultos marcaram uma manhã agitada nas sedes dos Agrupamentos de Escolas da Sé, na capital de distrito, e de Celorico da Beira, onde se realizou o exame muito contestado pelos docentes.

Na Secundária da Sé viveram-se momentos de tensão. Dos 120 professores sem vínculo inscritos só 12 fizeram o exame e não aderiram ao boicote promovido pelos restantes, que se juntaram no átrio da escola e gritaram palavras de ordem contra o ministro da Educação – “Crato rua! A escola não é tua!” foi a mais repetida – e entoaram a “Grândola Vila Morena” e o hino. Aos contestatários, jovens em grande maioria, juntaram-se depois os professores que tinham sido escalados para vigiar o exame e aderiram à greve convocada pelos sindicatos da Fenprof. Contudo, 20 mantiveram-se nas salas e viabilizaram a sua realização. O primeiro momento de tensão aconteceu quando alguns docentes tentaram impedir que os exames chegassem às salas, mas sem sucesso. Nessa altura, vários elementos da PSP, fardados e à paisana, já tinham tomado posição no corredor para impedir o acesso dos manifestantes às salas onde 12 professores eram avaliados desde as 10h30.

Apesar do nervosismo e de alguns insultos dirigidos aos docentes que furaram o boicote, não se registaram incidentes e os manifestantes acabaram por sair para o campo de jogos onde gritaram “traidores” para quem estava a fazer a prova. Em Celorico da Beira, a estratégia do protesto teve mais sucesso, pois todos os inscritos para o exame entraram nas salas. Mas, lá dentro, a maioria desatou a protestar ruidosamente e conseguiu a anulação da prova por falta de condições para a sua realização, adiantou Sofia Monteiro, do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC). «No distrito da Guarda estavam inscritos 200 professores, mas penso que nem todos compareceram para fazer uma prova que não se justifica, é humilhante e põe em causa a dignidade da profissão», declarou a dirigente. A sindicalista disse esperar que a tutela «pare para pensar sobre a utilidade» deste exame e reiterou que «o ideal era que a prova não existisse e que os professores, já formados, com provas dadas e muitos anos de serviço, tivessem que conviver com este tipo de situações».

Uma coisa é certa, quem não fizer a prova de avaliação, que será repetida em janeiro, em data a anunciar, não poderá ser contratado para dar aulas nem concorrer no próximo ano letivo. «É um risco que estes professores correm», referiu Sofia Monteiro, para quem o acordo com a FNE foi feito «para dividir os colegas, mas notámos que muitos dos que estavam dispensados de fazer a prova estiveram aqui à porta solidarizando-se com os colegas». A prova de avaliação dos professores foi anunciada no verão passado e desde logo contestada. Em novembro, o Ministério anunciou um acordo com a Federação Nacional da Educação (FNE), segundo o qual apenas os professores com menos de cinco anos de carreira fariam a prova. De acordo com os dados apurados pelo Júri Nacional da Prova, 27 por cento dos 13.498 candidatos foram impedidos de fazer a prova, num total de 3.644 docentes. Além destes, 1.872 não compareceram nas salas, por motivos diversos que podem ir do protesto a outro tipo de impossibilidade.

Prova não se realizou na Quinta das Palmeiras

A prova de avaliação não se realizou na EB 3 + S Quinta das Palmeiras, na Covilhã, enquanto na EB2 Pêro da Covilhã «professores sem vínculo abandonaram a prova quando já estavam a realizá-la e alguns docentes suspenderam a vigilância entrando em greve», anunciou o Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC). De acordo com a mesma fonte, uma dirigente sindical também terá sido impedida de entrar na escola Pêro da Covilhã.

Luis Martins Polícia cortou acesso às salas na Secundária da Sé

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