Arquivo

Dois sexos

Observatório de Ornitorrincos

O Presidente da República promulgou esta semana a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Já na semana passada Cavaco tinha aceite a união de facto entre partidos do mesmo género. Vivemos assim num país onde um homem pode casar com outro homem e o líder da oposição pode dançar o tango com o Primeiro-Ministro mas uma professora não pode mostrar as maminhas numa revista. Dizem os estudiosos que os homens têm mais preconceitos e vêem de forma menos favorável as relações homossexuais. Em contrapartida vêem mais favoravelmente as revistas sexuais. Mas parece que ninguém pensou nos petizes e no trauma que o acontecimento lhes poderá causar. Imagine o leitor que todos os dias chega à escola (ou a casa ou ao trabalho, é igual) e encontra uma Playmate, mesmo que vestida, à sua frente. Agora pense no choque que sofreria se um dia a menina das páginas centrais desdobráveis fosse arquivada. Aliás, eu compreendo a ordem de mandar a professora para ao Arquivo. Foi exactamente esse o local que reservei para a senhora na minha sala: o arquivo das revistas.

O país, um arauto do progresso a partir de hoje, aplaudiu o baile erótico argentino entre Sócrates e Passos Coelho. Só não fomos devidamente informados sobre quem conduziu a dança. Mas pelo menos sabemos já quem paga a montaria: nós. Esta nação pioneira está sempre entre as primeiras no mundo a acabar com as grandes injustiças, sejam a pena de morte, a discriminação ou a confiança nos políticos.

Quando Guterres abandonou o barco, Durão Barroso encontrou o país de tanga. Passos Coelho encontrou o país do tango. Quando Sócrates cair borda fora, empurrado pela ondulação ou pelos passageiros, se for Passos Coelho a subir ao leme, vai encontrar um país em cinto de ligas. A única exigência do PSD é que não seja uma professora a usá-lo.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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