Em vez de um novo Centro de Saúde, a Guarda vai ganhar duas novas unidades, uma dentro e outra fora da cerca do Hospital Sousa Martins. Trata-se de uma nova estratégia do Ministério da Saúde que coincidiu com a construção das novas instalações.
Para Isabel Coelho, coordenadora da sub-Região de Saúde da Guarda, esta mudança de planos «é uma mais-valia, tanto em termos de funcionalidade, como de gestão». Quanto aos custos, poderá ter que «se gastar mais alguma coisa, mas é mais fácil a manutenção de uma casa pequena do que de uma grande», assegura. Segundo alguns indicadores do Serviço Nacional de Saúde, concluiu-se que nos Centros de Saúde convencionais, que existem há 25 anos, «há alguma satisfação dos utentes em relação ao médico de família, mas ficamos para trás em termos de funcionalidade e organização», adianta a responsável. Por isso, o ministério decidiu adoptar uma nova estratégia nos Centros de Saúde em construção ou em vias disso, caso da Guarda, mas também em Viseu. «Vai tornar os espaços mais atractivos, funcionais e mais humanos», garante Isabel Coelho, referindo que fará jus à designação “médico de família”. Entretanto, foi apresentada uma proposta para o novo projecto de acordo com esta estratégia, do qual já receberam a confirmação da aprovação por parte da ARS do Centro na passada terça-feira.
Assim, para além de um pólo no Parque da Saúde, haverá outro instalado na cidade, mas cuja localização ainda está nos “segredos dos deuses”. Sabe-se, porém, que essa unidade deverá ter uma tipologia semelhante ao Centro de Saúde da Guarda-Guare, mas com mais gabinetes médicos. Cada pólo deverá ter oito médicos – neste momento há 14 médicos na sede -, mas já estão a prever 16. No entanto, uma das unidades terá que ser um pouco maior «para comportar os serviços administrativos», explica a responsável. Resta agora fazer o projecto arquitectónico, com base no novo projecto funcional já aprovado. Com este novo modelo, os médicos de família podem deixar o actual vínculo contratual com o Estado e passarem a ter um regime especial, «em que a remuneração aumenta conforme o número de utentes, logo podem vir a receber mais», indica a coordenadora. É que actualmente tanto ganha o médico que tem os 1.500 utentes, que a Organização Mundial de Saúde prevê para cada médico de família, «como se tiver 2.400, como é o caso de alguns clínicos do Centro de Saúde da Guarda», revela. Com o novo regime, o trabalho do médico «passa a ser mais justo e mais bem pago», admite Isabel Coelho, para além de servir como incentivo. Neste momento, a lista de espera no Centro de Saúde da Guarda é reduzida, «cerca de 200 utentes», acrescenta, enquanto em Seia há cerca de 5 mil pessoas sem médico de família.
Patrícia Correia