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Dois anos de Museu do Côa

Equipamento já recebeu mais de 63 mil visitantes, mas efeito das portagens já se fez sentir na bilheteira desde janeiro

O Museu do Côa assinalou na terça-feira o segundo ano de funcionamento, tendo registado até junho último mais de 63 mil visitantes. «Desde que foram introduzidas as portagens nos principais eixos rodoviários de acesso foi notória uma redução no número de visitantes», lamentou Fernando Real.

Para o presidente da Fundação Côa Parque, que gere o museu inaugurado a 30 de julho de 2010 e o Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), a funcionar desde 1996, a prioridade neste momento é «consolidar o orçamento para 2013 e assegurar um orçamento de sobrevivência em 2012». Isto porque, apesar do mesmo ter sido aprovado, ainda não está assegurado para o ano em curso, pelo que vai ser necessário «os fundadores iniciais criarem as condições de funcionamento do museu e do PAVC». Outro objetivo é encontrar «meios próprios para fazer crescer a Fundação», acrescentou Fernando Real, que nos próximos tempos também quer pôr em prática um modelo de gestão que integre os setores da Educação, Ciência, Ambiente e Turismo. «Ou seja, importa gerir e dinamizar o processo com racionalidade, profissionalismo e conhecimento do património que se quer proteger e divulgar, no sentido da progressiva melhoria das condições de sustentabilidade», declarou o responsável.

Na sua opinião, será ainda «indispensável» trabalhar para «honrar os compromissos do funcionamento do Museu e do Parque Arqueológico com equilíbrio orçamental, além de assegurar uma taxa de crescimento e gerir a pensar no património do Vale do Côa e nos visitantes do Museu e não apenas ao nível da despesa». Já o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa recusa a ideia de que o Museu do Côa se transforme num “elefante branco”: «Fruto de alguns contratempos iniciais, o museu só agora está praticamente a funcionar em pleno e acredito que daqui para a frente a afluência dos visitantes poderá aumentar», considera Gustavo Duarte, para quem este equipamento vai ser um «foco dinamizador» do potencial do Douro Superior. «Estão reunidas todas as condições para que o museu possa ter esse papel, mas é preciso dinamizar as suas atividades», acrescentou o autarca, revelando que a cafetaria e o restaurante entraram recentemente em funcionamento.

Para atrair mais visitantes, sobretudo os habitantes da região, a Fundação Côa Parque está a oferecer visitas ao museu a um preço simbólico de 1 euro. Os destinatários são a população residente nos concelhos que integram a Associação de Municípios do Vale do Côa (Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mêda, Pinhel, Sabugal, Torre de Moncorvo, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa). Esta promoção é válida nas tardes de domingo. Outra iniciativa são os sábados dedicados às famílias, que têm a possibilidade de fazer uma visita guiada ao espaço e participar numa oficina lúdico-pedagógica de arqueologia. A iniciativa repete-se neste sábado. As inscrições custam 3 (crianças) e 7 euros (adultos) e podem ser feitas para o serviço educativo do museu (279/768267) ou email actividadeseducativas.pavc@igespar.pt. Já no dia 24 haverá ópera, acompanhada pela Orquestra do Norte.

A Fundação Côa Parque

O Conselho de Administração da Fundação Côa Parque, criada para gerir o Museu do Côa e o PAVC, é presidido por Fernando Real, antigo presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA), nomeado pelo secretário de Estado da Cultura. Dele fazem ainda parte Gustavo Duarte, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa como vogal não executivo em representação da Associação dos Municípios do Vale do Côa, e José Ribeiro, professor do secundário, membro fundador do Movimento Internacional de Salvaguarda das Gravuras Rupestres do Côa e da associação ACÔA. O segundo vogal não executivo foi nomeado pelas Secretarias de Estado do Turismo e do Ambiente.

O segundo maior museu de Portugal

O segundo maior museu do país em termos de área – tem 6.600 metros quadrados de área coberta – tem por missão divulgar e contextualizar a arte paleolítica descoberta nas margens do Côa, uma área considerada Património da Humanidade pela UNESCO. Lá estão réplicas de vários achados daquele período, representações de gravuras e reconstituições a três dimensões de algumas rochas, com destaque para a verdadeira obra de arte paleolítica do Fariseu. É atualmente o principal ponto de acolhimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). O museu desenvolve-se em quatro pisos que englobam auditório, serviço educativo, área administrativa, loja e salas expositivas. Abriu as portas 15 anos depois da polémica que suspendeu a construção da barragem devido aos protestos de ambientalistas e de especialistas em arte rupestre.

Luis Martins Atrair mais visitas e gerir com sustentabilidade são os desafios para o futuro, segundo Fernando Real

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