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Dívida de um milhão pode parar obras no centro histórico

Consórcio ARL/Abrantina não recebe desde Março do ano passado

O consórcio ARL/Abrantina pondera parar as obras de requalificação da Praça Velha e de algumas artérias do centro histórico por falta de pagamentos do Polis. Em causa estão mais de um milhão de euros devidos aos construtores desde Março de 2005, alegadamente bloqueados em Lisboa no âmbito do Programa Operacional de Ambiente. Quem espera e já desespera é Jorge Leão, da ARL: «Ninguém pense que são os empreiteiros que estão a demorar as obras. É a tesouraria da PolisGuarda, porque está dependente do dinheiro de outras entidades e dos gestores nacionais do programa», adianta.

Inicialmente, estava previsto concluir a intervenção na Praça Velha e Rua 31 de Janeiro no final deste mês, mas o avolumar da dívida e das facturas em atraso no último ano está a deixar os responsáveis daquelas duas empresas à beira de um ataque de nervos. «A sociedade tem tudo organizado na Guarda para resolver o caso, mas em Lisboa não avançam com as candidaturas», refere Jorge Leão, lamentando a «lentidão» com que o assunto está a ser tratado. «Estão a brincar com uma empresa, que tem salários e máquinas para pagar. Para não continuarmos a ser prejudicados, poderemos parar no centro histórico», admite o empresário, que se diz farto de promessas: «Dizem que pagam, mas nós ainda não recebemos nada desde Março do ano passado», denuncia. Quem não está a gostar desta nova paragem dos trabalhos é o presidente do Condomínio Comercial da Zona Histórica. «Estamos fartos de ser reféns de um problema que não nos diz respeito», sublinha José Borges. E garante que os comerciantes daquela zona estão «cada vez mais desmoralizados» com os sucessivos contratempos que têm marcado esta intervenção.

«Não vemos a obra acabada, nem fluir novamente algum trânsito que traga as pessoas para a Praça Velha», lamenta-se José Borges. Até há hora de fecho desta edição não foi possível obter um comentário de António Saraiva, director-executivo da PolisGuarda. Recorde-se que a conclusão da requalificação da Praça Luís de Camões, de algumas ruas adjacentes na zona histórica de São Vicente e do Largo do Torreão tem vindo a ser sucessivamente protelado. No último Verão, António Saraiva prometeu aos comerciantes que as obras estariam prontas no final de Setembro, ou na melhor das hipóteses, no princípio de Outubro. Até anunciou uma grande festa para a inauguração do novo espaço. Mas em Novembro as máquinas continuavam no “coração” da cidade. Em Março, as ruas já não estão esburacadas e a praça está quase concluída. «Falta a iluminação, os bancos nas traseiras da Sé e a sinalização da via de circulação rodoviária prevista no projecto. Mas enquanto não houver dinheiro não mexemos mais uma palha», ameaça Jorge Leão. Entretanto, alguns moradores da zona do Torreão já se queixaram de que a empreitada voltou a abrandar, supostamente pelos mesmos motivos: a falta de pagamentos pelos trabalhos já efectuados.

Luis Martins

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