A Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda totaliza 34.349.622,45 euros em dívida total a fornecedores externos, a terceira mais elevada da ARS Centro.
Das 13 entidades da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda – que agrega os hospitais Sousa Martins e Nª Sra. da Assunção (Seia) – é a terceira com a dívida total a fornecedores externos mais elevada (mais de 34 milhões de euros), sendo apenas ultrapassada pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e pelo Centro Hospitalar do Baixo Vouga. Os valores, de janeiro de 2018, constam no portal de transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e colocam a ULS guardense no pior lugar a nível regional.
Na região, é mesmo a que apresenta a maior dívida vencida (mais de 28 milhões de euros) e o valor mais elevado – cerca de 21 milhões de euros – em pagamentos em atraso. Já face ao período homólogo (janeiro de 2017) houve um aumento de cerca de sete milhões de euros da dívida total, que atingiu, em novembro de 2017, o valor mais elevado: mais de 39 milhões de euros. No mês seguinte a ULS conseguiu baixar a dívida total para cerca de 33 milhões, mas o valor voltou a subir em janeiro de 2018. De acordo com Sandra Gil, vogal do Conselho de Administração (CA), a ULS da Guarda recebe por número de utentes residentes, «sendo que a redução demográfica registada nos últimos anos, aliada ao envelhecimento populacional, criou uma pressão crescente sobre os custos» com a assistência a doentes. O acesso à inovação terapêutica na área do medicamento também contribuiu para «um aumento significativo» dos custos com produtos farmacêuticos e houve, no início de 2017, «o reforço do número de trabalhadores» contratados. «Acresce ainda que a inauguração do novo edifício do Hospital Sousa Martins acarretou custos adicionais de manutenção e funcionamento», refere a responsável.
Para racionalizar os custos, o CA delineou uma estratégia «que passa pela implementação da contratualização interna hospitalar, pelo aumento da internalização de meios complementares de diagnóstico e pela criação de economias de escala ao nível da contratação de bens», adianta Sandra Gil, acrescentando que também a «promoção de uma política de utilização racional e eficaz do medicamento» é outro objetivo a cumprir. Paralelamente, pretende-se aumentar as receitas extra contrato-programa, «captando fundos comunitários para financiamento de projetos estratégicos ao nível dos sistemas de informação, ampliando o leque de clientes do Laboratório de Saúde Pública, promovendo a cobrança das dívidas em atraso à ULSG e realizando protocolos com outras entidades do SNS no âmbito da gestão partilhada de recursos».
Já o Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), que agrega os hospitais Pêro da Covilhã e do Fundão, tem uma dívida total muito inferior à da ULS da Guarda: 20.957.993 euros. Os valores mais baixos foram registados no primeiro trimestre de 2017, mas a partir daí a dívida total foi subindo e só desceu em dezembro último, atingindo os cerca de 19 milhões de euros. Quanto à dívida vencida, o CHCB totaliza 16.791.864 euros e, nos pagamentos em atraso, o valor ultrapassa os 13 milhões de euros. Com uma dívida menos pesada está a ULS de Castelo Branco, que contabiliza um total de 6.223.664,5 euros. Na dívida vencida o valor situa-se nos três milhões de euros e não há pagamentos em atraso.
Dívida total dos hospitais à indústria farmacêutica superior a 900 milhões de euros
A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) revelou que, em dezembro de 2017, a dívida total dos hospitais públicos ao setor totalizava 906,1 milhões de euros.
Segundo apurou O INTERIOR, a ULS da Guarda terá uma dívida total de 7,5 milhões de euros para com a indústria farmacêutica e o CHCB uma total de 6,8 milhões de euros. A 13 de novembro de 2017, o ministro da Saúde anunciou na Assembleia da República um reforço de 1.400 milhões de euros para os hospitais com vista ao pagamento de dívidas. A primeira das três tranches deste reforço, no valor de 400 milhões de euros, já foi disponibilizada e usada pelos hospitais para o respetivo pagamento.
Sara Guterres