O relatório de actividades e contas de gerência da Câmara da Covilhã foram aprovados na última sexta-feira pela maioria na Assembleia Municipal, com os votos contra do PS e da CDU e a abstenção do deputado do Bloco de Esquerda.
Para a oposição, a situação financeira da Câmara da Covilhã continua a ser bastante preocupante, ao atingir no final de 2005 uma dívida de 82,4 milhões de euros, mais 2,75 milhões de euros que em 2004. Para a oposição, a autarquia social-democrata já esgotou a sua capacidade de endividamento, frisando o aumento das dívidas a fornecedores e de curto prazo que atingiu no ano passado o valor mais alto de sempre: 19,7 milhões de euros. O aumento das despesas correntes e a dívida a médio/longo prazo de 58,1 milhões de euros foram outras das críticas do PS e da CDU, que acusaram o executivo “laranja” de falta de planeamento e de rigor, para além das acusações da taxa de execução do Plano Plurianual de Actividades ser a «mais baixa de sempre», ou seja, de 22,5 por cento (17,1 milhões de euros).
A bancada do PS vai ainda mais longe ao afirmar que a dívida da Câmara se situa na verdade em 90,3 milhões de euros, uma vez que o relatório de contas omite a utilização de uma primeira tranche de 7,8 milhões de euros relativos à antecipação das rendas de habitação social junto de uma instituição bancária. Facto que «constituiu um compromisso financeiro de médio/longo prazo, o que eleva a dívida de 82,4 para 90,3 milhões de euros», explicou Hélio Fazendeiro. A maioria aprovou ainda os documentos relativos aos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento, que contou com os votos contra da oposição face ao aumento da dívida de 11,2 milhões de euros para 14,1 milhões de euros. Para o executivo social-democrata, a dívida efectiva situa-se apenas nos 48 milhões de euros. É que dos 82 milhões de euros, há que «subtrair as dívidas que diversas entidades estatais têm para com a Câmara, a dívida errada que a autarquia possuiu à EDP e ainda os empréstimos que não contam para a capacidade de endividamento e anteriores a 1998», apontou Luís Barreiros. Por isso, disse estar «satisfeito» com os resultados alcançados no ano passado, visto que Câmara tem conseguido diminuir as despesas correntes e os gastos com o pessoal e, por outro lado, aumentar as receitas de investimento. «Os empréstimos são cada vez menos necessários para os investimentos da Câmara», apontou o vereador, afirmando que «em cada três euros que a Câmara investe, apenas vai buscar um aos bancos».
De resto, o presidente da Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira, Fausto Baptista, aproveitou ainda a Assembleia Municipal para criticar a Fundação Minas da Panasqueira. O autarca criticou acima de tudo a «falta de respeito e provocação» da Câmara do Fundão e sócios fundadores para com a sua freguesia e concelho da Covilhã, por não terem sido chamadas a se juntarem de início à estrutura de valorização do couto mineiro, ainda para mais quando S. Jorge da Beira foi o “berço” da exploração mineira.
Liliana Correia