O passivo na Câmara da Covilhã deverá rondar os 80 milhões de euros, segundo contas feitas «por alto» do vereador socialista. Miguel Nascimento votou contra os relatórios de actividades e contas de gerência da autarquia e dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de 2004 na semana passada, em reunião extraordinária do executivo. Uma posição que ficou a dever-se ao facto de apenas lhe terem sido facultados dois dias antes da reunião.
Mas foi a contracção de um novo empréstimo de 889 mil euros ao grupo Millennium BCP (ver caixa), na reunião ordinária da passada sexta-feira, que motivou o alerta do socialista para o «aumento assustador» do passivo. «A Câmara da Covilhã tem quase 80 milhões de euros de dívida. Será insustentável geri-la a partir de 2007», alertou, tendo em conta a sua «subida galopante» de ano para ano. «Em 2000, a dívida situava-se em 42 milhões de euros. Dois anos depois já era de 76 milhões de euros e no ano passado chegou aos 79 milhões», contabilizou Miguel Nascimento, que augura mais dificuldades financeiras com mais este empréstimo e a contratualização com a Águas da Covilhã. Sem revelar números, Alçada Rosa garante que a Câmara tem uma situação financeira «equilibrada» e com «disponibilidade de endividamento» na ordem dos 10 milhões de euros.
«Em termos de endividamento, a Câmara não foi ao fundo como poderia ter ido», acrescenta o vice-presidente, criticando o «chavão utilizado pela oposição sobre o peso das dívidas». Na sua opinião, «o importante é ver os resultados da gestão e os estudos nacionais que apontam a Covilhã como a única cidade que não baixará de população até 2015. E isso deve-se à política de investimento que a Câmara tem desenvolvido», salientou. Quanto aos SMAS, Alçada Rosa destaca os investimentos efectuados para a optimização da água da barragem do Viriato, nas Penhas da Saúde, e o contrato com a AGS.
A maioria social-democrata aprovou na reunião ordinária do executivo a contracção de mais um empréstimo bancário, de 889 mil euros, para a construção da segunda fase do Parque Industrial do Tortosendo. Trata-se de um empréstimo junto do Millennium BCP, por 20 anos, com dois períodos de carência. O mesmo será pago em 80 prestações com uma taxa de juro efectiva de 2,4 por cento. Apesar de concordar com o objectivo do empréstimo, Miguel Nascimento votou contra por achar que irá piorar a saúde financeira da Câmara, que é «assustadora».