A dívida da Câmara da Guarda continua a crescer e era da ordem dos 64,2 milhões de euros, segundo o relatório de contas de 2009, aprovado por maioria na reunião do executivo de quinta-feira.
Mesmo assim, Joaquim Valente garante que «as contas são muito mais equilibradas que as de 2008, apesar dos investimentos que fizemos, e foram grandes». O autarca referiu-se nomeadamente aos centros escolares e à regeneração urbana, que, acredita, darão as respectivas contrapartidas sócio-económicas nos próximos anos. «Estou convicto que este trabalho dará os seus frutos dentro de pouco tempo», acrescentou, justificando que «não há dívida se não houver investimento». Em termos globais, o presidente do município considerou «satisfatório» o grau de execução financeira da Câmara no ano transacto, apesar de se ter cobrado menos um milhão de euros de impostos. «As receitas foram da ordem dos 49 milhões de euros, tendo sido realizadas e pagas 23,5 milhões de euros das despesas de capital orçamentadas, cerca de 31 milhões», referiu, acrescentando que a dívida a curto prazo diminuiu – à custa do PREDE (Programa de Regularização Extraordinária de Dívidas do Estado) -, mas que, em contrapartida, a de longo prazo aumentou.
Joaquim Valente destacou ainda o facto da dívida do município ter «crescido apenas 1,8 milhões de euros em 2009, quando tinha subido 4,9 milhões no ano anterior, pelo que temos ainda capacidade de endividamento». Perante estes números, o edil socialista não duvida que se fez «uma gestão muito mais sustentada, diminuindo a dívida sem prejudicar os investimentos numa altura em baixaram as receitas». Nesse sentido, sublinhou que o exercício de 2009 teve um resultado líquido positivo de 1,5 milhões de euros, quando tinha sido negativo em 2008: «Números são números e contas são contas. Pelas nossas, a Câmara não está à beira do abismo», considerou. Opinião diferente tem Rui Quinaz: «Apesar da maioria ter feito bandeira com o equilíbrio das contas no mandato anterior, verifica-se que a trajectória de endividamento manteve-se e até se agravou em 5,3 por cento», criticou. O vereador social-democrata continua a ver a despesa a crescer, nomeadamente os custos com pessoal, que, pelas suas contas, passaram de 12 milhões em 2008 para 13 milhões no ano passado.
«A taxa de execução orçamental não é satisfatória, pois pagaram-se apenas 49 milhões dos 105 milhões orçamentados, ficando encargos de dívida da ordem dos 29 milhões de euros para o futuro, o que é extremamente preocupante», avisou, ao notar também que os encargos do município com a dívida cresceram três milhões em 2009. Quanto ao resultado líquido positivo do exercício, Rui Quinaz contrapôs o resultado operacional negativo de exploração de 2,8 milhões de euros. «O primeiro só é positivo com artifícios como a venda do imóvel do TMG à Culturguarda, estratagema que permitiu fazer desaparecer 6,2 milhões de euros das contas da Câmara», criticou. Perante isto, o vereador considera que neste mandato «é obrigatório inverter esta tendência» depois da dívida consolidada da autarquia ter crescido seis milhões de euros em 2009. «Só à banca, a dívida de longo prazo passou para 13 milhões», exemplificou. Nesta reunião ficou ainda a saber-se que o património da autarquia de bens de imobilizado está avaliado em 181 milhões de euros.