Arquivo

Diversidade é palavra-chave no Festival Y#1

“O Juiz das Beiras”, “Édipo Rey”, “Hamlets” e “Gente Feliz com Lágrimas” são alguns dos espectáculos que a “Quarta Parede” proporciona de 18 de Setembro a 31 de Outubro na Covilhã

Um festival multidisci-plinar com teatro, música, dança, cinema, conferências e “workshops” marcam o arranque do Festival Y#1 e da “Quarta Parede” na produção e organização de eventos culturais. Uma “prova de fogo” que se inicia no próximo dia 18 com um programa muito centrado em espectáculos de teatro – tal como a associação anunciou para uma primeira fase – mas pensado para «agradar» ao público. Desenvolvendo-se na Covilhã e Castelo Branco, o evento vai contar com nomes sonantes da representação e dramaturgia portuguesa e estrangeira, com destaque para as recentes produções “Hamlets”, a partir da adaptação de textos de Eric Bogosian, e “Gente Feliz Com Lágrimas”, de “O Bando”, baseado no romance homónimo de João de Melo.

Em “Hamlets”, que subirá ao palco do Teatro Cine da Covilhã a 25 de Outubro, Diogo Infante e Marco D’Almeida dão vida a dois desempregados que vão propor ao público uma reflexão contemporânea, mordaz e provocadora sobre a própria condição de actor. A célebre questão “ser ou não ser” não será posta de parte e vai revelar-se inclusive fundamental numa sociedade que se impõe cada vez mais sem individualidade e sem heróis. A condição humana volta a ser abordada em “Gente Feliz com Lágrimas”, interpretado pela companhia “O Bando”, a 28 e 30 de Outubro, no Cine Teatro Avenida de Castelo Branco e na Covilhã, respectivamente. Até lá, é a “Escola da Noite” que vai abrir o pano do festival, na próxima quinta-feira no Teatro Cine, com uma aula prática da peça “O Juiz da Beira”. Escrita por Gil Vivente, a história ronda à volta de Pêro Marques, um homem simples feito juiz à pressa para julgar a queixa de Ana Dias contra o filho de Pêro Amado, a quem acusa de ter violado a sua filha. Ainda este mês, a 25, é a vez da tragédia grega “Édipo Rey” subir ao palco covilhanense pela mão dos espanhóis do Teatro Corsário.

O Teatro de Marionetas do Porto, companhia conceituadíssima nesta arte, traz “Miséria” a 2 e 3 de Outubro a Castelo Branco e à Covilhã. Para maiores de idade, o espectáculo é baseado num conto popular e conta em 50 minutos a história de um velho ferreiro que consegue enganar a morte, ficando assim condenado à vida eterna. Os espectadores poderão assistir aqui à representação das marionetas e do próprio actor. Segue-se a famosa “Companhia do Chapitô”, que vem mostrar à Covilhã que «o trágico pode ser cómico, o clássico pode ser contemporâneo e o texto pode ser gesto», numa adaptação livre de “Romeu e Julieta”, a tragédia amorosa escrita por Shakespeare há mais de 400 anos. Um espectáculo bem-humorado para ver a 8 de Outubro no Teatro Cine. Três dias depois entra em cena “Burlesco”, pelo Teatro da Rainha.

Festival atento às várias manifestações artísticas

Mas nem só de teatro vai viver o Festival Y#1. Empenhados em abranger uma área variada, atenta a todo o tipo de públicos, a “Quarta Parede” vai proporcionar ainda duas conferências na Biblioteca Municipal da Covilhã com José Alberto Ferreira e Jacinto Lucas Pires. O primeiro vai discutir “A eficácia de Gil Vicente no século XXI”, enquanto o segundo irá debruçar-se sobre “A nova dramaturgia Portuguesa”. A animação musical está reservada para a discoteca &Companhia para a noite de 3 de Outubro, estando à responsabilidade de dois grupos jovens: os “Loto”, de Alcobaça, e os albicastrenses “Jaguar”. Mais tarde, juntar-se-á o DJ Nuno Miguel, da Antena 3. A dançarina Sílvia Real traz o espectáculo “Casio Tone” ao Cine Teatro Avenida. Inspirado no cinema de Jacques Tati e de Roman Polanski, na música de Komeda, Burt Bacharah e Wes Montgomery, trata-se de um espectáculo de humor em várias dimensões e sobre os dias de hoje, a vida e a morte, o tempo e o espaço e a convivência com o Falso. Quanto aos “workshops”, considerados pela “Quarta Parede” como fundamental para quem trabalha em arte, estarão vocacionados para a Caracterização, Cenografia e Produção, orientados por Carla Magalhães, José Manuel Castanheira e Ana Pereira, respectivamente.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply