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Distrito da Guarda perdeu 4.767 residentes nos últimos três anos

Nada contraria o declínio demográfico da região, que, no conjunto dos municípios que formam a CIM das Beiras e Serra da Estrela, perdeu 7.071 pessoas entre 2011 e 2013. A região tem uma população cada vez mais envelhecida, taxas de mortalidade elevadas e, pelo contrário, muito menos nascimentos a cada ano que passa.

A realidade já o fazia antever e a estatística confirma que nada contraria o declínio demográfico da região. Só nos últimos três anos o distrito da Guarda perdeu 4.767 residentes, enquanto a Cova da Beira viu desaparecer 2.304 pessoas, de acordo com as estimativas mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgadas na passada segunda-feira.

Em 31 de dezembro de 2013, a população residente no distrito da Guarda foi estimada em 155.512 pessoas, menos 2.415 que a população estimada para 31 de dezembro do ano anterior, o que representou uma taxa de crescimento efetivo negativa da ordem dos -1,55 por cento, reflexo da conjugação de saldos natural e migratório negativos. São indicadores bem piores se comparados com as estimativas de 2011, quando o distrito tinha 160.279 residentes e uma taxa de crescimento efetivo negativa de -1,42 por cento. De resto, no ano passado todos os indicadores, que estão no “vermelho” há vários anos, agravaram-se ainda mais. A média nacional da taxa bruta de natalidade foi, em 2013, de 7,9 nascimentos por mil habitantes, mas no distrito da Guarda rondou os 4,9 nascimentos por mil habitantes quando tinha sido de 5,3 em 2012. Neste particular, no ano passado, a NUT III da Beira Interior Norte – quase todo o distrito à exceção de Fornos, Gouveia, Seia, Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa – registou a melhor estimativa da taxa bruta de natalidade com 5,5 nascimentos por mil habitantes, ligeiramente acima dos 5,4 registados na NUT da Serra da Estrela.

No entanto, o mais assustador nestas estimativas do INE são as taxas brutas de mortalidade em 2013. A taxa média nacional foi de 10,2 óbitos por mil habitantes, mas por cá esse indicador foi literalmente pulverizado na quase totalidade dos municípios. A exceção é só mesmo a Guarda e mesmo assim com um valor acima da média (11,1 óbitos por mil habitantes). Na vizinhança registaram-se taxas da ordem dos 15,1, em Vila Nova de Foz Côa; 19,4, em Aguiar da Beira; 20,5, em Almeida; 21,3, em Figueira de Castelo Rodrigo e 25,0 no Sabugal. Em jeito de comparação, refira-se que média da NUT III da Serra da Estrela foi de 16,6 óbitos por mil habitantes e de 15,8 na Beira Interior Norte. Na Cova da Beira, o cenário também não é o mais animador, embora os indicadores sejam menos penalizadores. A começar pela estimativa da taxa bruta de natalidade, que foi de 6,0 nascimentos por mil habitantes em 2013, destacando-se aqui o concelho de Belmonte com 7,2 nascimentos por mil habitantes. Pelo contrário, a Covilhã ficou-se pelos 5,8 nascimentos. Já na taxa bruta de mortalidade é o Fundão que lidera com 14,9 óbitos por mil habitantes, seguido da Covilhã (12,8). A média estimada desta NUT III é da ordem dos 13,4 óbitos por mil habitantes.

Em termos populacionais, nestes três anos, o concelho que mais residentes perdeu foi a Covilhã, que tinha no final de 2013 menos 1.431 pessoas que no período homólogo de 2011. A Guarda vem a seguir, com menos 1.099 residentes, enquanto o Fundão contava menos 728 e Seia menos 654. Comum a todos os municípios é o facto de nenhum ganhar população residente neste período e de continuar a acentuar-se o envelhecimento demográfico. Tudo por causa da descida da natalidade, do aumento da longevidade e, mais recentemente, do impacto da emigração. Assim, a média nacional do índice de envelhecimento é de 136, muito abaixo do verificado na região onde Sabugal (514,2) e Almeida (501,3) têm a população mais idosa da região e, porventura, do país. Com índices muito elevados seguem-se a Mêda (363,6), Gouveia (328,1) e Vila Nova de Foz Côa (313). Na Cova da Beira, o Fundão regista o mais alto índice de envelhecimento desta NUT III, com 230,5.

Luis Martins Envelhecimento demográfico continua a acentuar-se na região, segundo o INE

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Se nada for feito, isto poderá transformar-se numa catástrofe. Não se trata apenas de estarmos à espera de políticas vindas do Governo central, mas acima de tudo de darmos as mãos num projecto conjunto com medidas estruturais a longo termo. Aos políticos e senhores deste interior cabe ter a perceção de que não basta apenas fazer política por fazer, mas sim encontrar soluções imediatas que consigam captar investimento e criar postos de trabalho de forma a poder fixar pessoas. Se os políticos que nos têm governado não são sérios não podemos esperar muito deles, pois atingimos o descalabro total. Não confiamos nestes políticos. Não têm credibilidade e quando aparece alguém com vontade de mudar o rumo dos acontecimentos, este é abatido em pouco tempo. (…) A Guarda sofre como outras regiões o descalabro da falta de seriedade e amor ao próximo apenas por interesses meramente pessoais. (…)
 
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Guarda antes e depois de 10 de junho O que nos trouxe este evento com a vinda do Presidente da República à Guarda? Que vamos beneficiar com este aparato policial e de fotografias e que vamos ganhar num futuro próximo? Afinal, quem mais conhecedores que nós que aqui habitamos da região. Os outros nada acrescentam a esta região fustigada e esquecida no tempo. Temo que tudo isto não tenha passado apenas de uma medida exibicional que apenas serviu a alguns iluminados e não mostraram o verdadeiro problema desta região. Não ouvi falar das dificuldades com que a gente deste interior enfrenta no seu dia a dia, não vi apontar o dedo às portagens, não vi chamar a atenção para este dormitório do país que, por falta de um olhar atento do Governo central, se vê mergulhado e esquecido, sem ideias e sem dinamismo que consigam fazer levantar este interior. (…) Não estamos a ser capazes de tirar proveito próprio do potencial desta região e andamos a reboque deste ou daquele sem um rumo traçado. Temos de acordar de vez para a necessidade de fazer valer e sentir a revolta desta gente. Não me admiram os apupos ao Presidente da Repúbilca no dia 10 de junho, pois o Governo deixou de ouvir o povo (…). Assim sendo, não podemos esperar muito deste tipo de eventos. Ficam as medalhas para alguns, mas que proveito tiramos nós deste evento, que nos traz esta gente? Bem pelo contrário, o pouco que temos nos é retirado e assim sendo daqui a uns anos vamos ver mais gente abandonar esta região.
 

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