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Discurso sem categoria

A quem é que ainda não aconteceu um daqueles deslizes verbais, surgidos despropositadamente, que, por infelicidade do destino, ocorrem na hora errada, no momento errado, atingindo as pessoas erradas? Quase todos nós temos uma dessas “pedrinhas no sapato”, que só o tempo que vai passando devagar, nestes casos, ajuda a apagar e esquecer. Mas nós somos pessoas incógnitas, não somos figuras públicas. A comunicação social não nos convida para prestar declarações, não damos testemunho público aos outros daquilo que fazemos e dizemos, embora pudéssemos. Mas somos pessoas e como tal temos obrigação de dar o nosso testemunho e exemplo (apesar de surdo!), pois é ele que diz quem somos, quanto mais não seja à nossa família e círculo de amigos e conhecidos. Agora, figuras públicas que tomam assento na política da nossa terra, quiçá do nosso país, discursar em tom perfeitamente audível e ponderado palavras de conteúdo deliberadamente ofensivo a uma figura pública e política de categoria nacional pelas suas deficiências físicas (!?) e atribuir-lhe a classificação de, passo a citar, «candidato sem categoria» é o mesmo que considerar todos os que usam óculos, “capachinhos”, aparelhos auditivos, muletas… (já para não incluir os surdos, os cegos, os mudos, os deficientes mentais…), num mesmo saco: o saco dos “sem categoria”…

A Dr. A., neste caso, até admitiu a sua falha e tentou justificar o injustificável mas não se lembrou, ou talvez não tenha querido fazer o que era devido: pedir frontal e humildemente desculpas a todos os ofendidos, porque todos temos limitações, uns físicas, outros mentais, e outros ambas… A sua limitação/incompetência foi, neste caso concreto, não conseguir fazer um discurso de “improviso” com (alguma) categoria!

Helena Seabra, Guarda

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